GOVERNO LULA

Racha no MDB pode levar Simone Tebet, que se reúne hoje com Lula, ao Ministério das Cidades

Presidente eleito já sinalizou, no entanto, que vai oferecer pastas do Meio Ambiente e Planejamento à senadora

Simone Tebet e Lula - Reprodução/Twitter

Além da senadora Simone Tebet (MS), o MDB terá mais dois ministérios no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT): Transportes, com o ex-governador e senador eleito Renan Filho (AL), e Cidades. O pleito é uma demanda antiga da legenda, que brigava para assumir duas vagas, além da que será dada à parlamentar. Alas do partido defendem que ela seja contabilizada como da cota pessoal de Lula.

O martelo foi batido em reunião de lideranças do MDB com o presidente eleito ontem, disseram integrantes da legenda ao Globo. Mas uma disputa interna na bancada do partido na Câmara, a quem coube a indicação para a pasta das Cidades, pode acabar sendo resolvida com a indicação de Tebet para o Ministério das Cidades, e não para o do Meio Ambiente, como prefere o PT.

Embora tenha despontado como favorito, o deputado federal José Priante (PA) sofre a resistência do clã Barbalho. O governador reeleito Helder Barbalho (PA), se reunirá nesta sexta-feira (23) com o líder do partido na Câmara, deputado Isnaldo Bulhões Jr (AL), para tentar chegar a um consenso. Caso a conversa não prospere, quem será indicada, garantiram fontes ao Globo, será Tebet.
 

Na reunião com a cúpula emedebista, Lula garantiu que Tebet será sua ministra. Mas afirmou que vai oferecer à senadora os ministérios do Meio Ambiente ou do Planejamento. Tebet já indicou a aliados que, entre as duas pastas, prefere a do Meio Ambiente, mas a condição é a de que a deputada eleita Marina Silva (Rede-SP) ocupe a nova função de comandante da autoridade climática, com status de ministra. A pasta da Cidade não estava no xadrez. Tebet e Lula se encontram hoje para decidir qual pasta a senadora ocupará.

Tebet resistia a aceitar o Meio Ambiente justamente por conta de sua proximidade com Marina, que se deu no segundo turno das eleições. Mas acabou cedendo à ideia após pressão do PT e de empresários que apoiaram a terceira via. Na reunião da última quinta-feira, o presidente eleito também sinalizou, ao contrário do que defende o presidente do partido, deputado federal reeleito Baleia Rossi, (SP), que a indicação de Tebet entrará em sua cota pessoal, inclusive para não ser cobrado por outros partidos pelos três ministérios dados ao MDB.

Capacidade de entrega
Segundo emedebistas ouvidos pelo GLOBO, a escolha de Renan Filho, filho de Renan Calheiros, para Transportes teve como pano de fundo o bom desempenho de Alagoas no setor. O estado, que foi governado pelo senador eleito em duas ocasiões, já foi classificado pela Confederação Nacional de Transporte (CNT) como o líder no ranking das melhores rodovias públicas do país.

Além disso, integrantes do MDB entendem que a pasta poderá trazer projeção ao senador. Lembram que Transportes fica hoje no guarda-chuva do Ministério da Infraestrutura, que foi comandado pelo governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Renan Filho chegou a ser sondado pelo PT para ocupar o Ministério do Planejamento, a pedido do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A ideia, porém, não agradou à bancada emedebista do Senado, que desejava uma pasta com “ação política”, requisito que Transportes atende. Emedebistas sempre tiveram foco em assumir pastas com orçamentos robustos e que tenham o que chamam “capacidade de entrega”, como Cidades.