Três mortos e três feridos em tiroteio em Paris
Autor dos disparos é um condutor de trem aposentado de 69 anos de nacionalidade francesa e conhecido por duas tentativas de homicídio
Três pessoas morreram e três ficaram feridas após serem atingidas por tiros nesta sexta-feira (23), pouco antes do meio-dia, no 10º arrondissement de Paris. O ataque foi executado por um homem de 69 anos e nacionalidade francesa, queria "atacar estrangeiros" e supostamente agiu sozinho. Ele foi preso.
O incidente aconteceu na rua d'Enghien, perto de um centro cultural curdo, em um movimentado bairro comercial que é particularmente popular entre a comunidade curda.
Uma investigação foi aberta por homicídios dolosos e violência com agravante.
Por enquanto, o caso ficará sob responsabilidade da Brigada Criminal e da Polícia Judiciária parisiense, informou a Promotoria de Paris.
Segundo duas fontes policiais, o autor dos disparos é um condutor de trem aposentado de 69 anos de nacionalidade francesa e conhecido por duas tentativas de homicídio - cometidas em 2016 e dezembro de 2021.
Ele não constava, porém, nos arquivos de inteligência territorial e da Direção-Geral de Segurança Interna (DGSI), segundo a mesma fonte.
"O assassino, ele mesmo (ferido e) em relativo estado grave, foi levado ao hospital", informou a prefeita do 10º arrondissement, Alexandra Cordebard.
O balanço provisório de vítimas aponta para três pessoas mortas e três feridas, segundo a Promotoria de Paris.
No cruzamento da rua d'Enghien com a rua d'Hauteville, um perímetro de segurança foi montado pela polícia, constatou um jornalista da AFP.
Em viagem pelo norte do país, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, comentou no Twitter que estava voltando a Paris "após o dramático tiroteio ocorrido esta manhã".
"Todos os meus pensamentos estão com os entes queridos das vítimas", expressou.
No local do tiroteio, a comoção era grande.
O presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou no Twitter o que chamou de "ataque odioso contra os curdos da França", e a primeira-ministra Élisabeth Borne classificou o ocorrido como um "ato atroz".
O chanceler alemão, Olaf Scholz, também condenou o "terrível ataque". O secretário de Estado americano, Antony Blinken, ofereceu no Twitter condolências aos curdos e franceses.
Membros do centro cultural Ahmed Kaya choravam, abraçando-se para se consolar, observou um jornalista da AFP.
Alguns, dirigindo-se à polícia, gritavam "está recomeçando, vocês não estão nos protegendo, estão nos matando".
"Pânico total"
"Sete a oito tiros na rua, foi pânico total, nos trancamos dentro da loja", relatou à AFP um lojista de um prédio vizinho que preferiu permanecer anônimo.
"Vimos um velho senhor branco entrar e atirar no centro cultural curdo, depois ele foi ao salão de cabeleireiro ao lado. Nos refugiamos no restaurante com os funcionários", testemunhou Romain, vice-diretor do restaurante Pouliche Paris, localizado na mesma rua, contactado por telefone.
Segundo outra testemunha, um morador do bairro que passava na rua e foi entrevistado pela AFP, "havia pessoas em pânico que gritavam para a polícia: 'ele está lá, ele está lá', apontando para o salão de beleza".
"Vi policiais entrarem no salão onde havia duas pessoas deitadas no chão, feridas nas pernas, vi sangue", acrescentou, descrevendo "pessoas em estado de choque e em pânico".
O Centro Ahmet Kaya, nomeado em homenagem ao cantor homônimo, é uma associação cujo objetivo é "promover a integração gradual" da população curda residente em Ile-de-France.