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Jornalista Rodrigo Alvarez chega ao Globoplay com a série documental "Os Caminhos de Jesus"

Como correspondente da Globo no Oriente Médio, com base em Jerusalém, passou a respirar a história de Cristo em seu dia a dia

Rodrigo Alvarez assina codireção e roteiro do documentário - Divulgação

Os primeiros anos da vida escolar de Rodrigo Alvarez seriam decisivos para seu futuro. Enquanto ainda estudava em um tradicional colégio religioso no Rio de Janeiro, o jornalista, que acaba de lançar a docussérie “Os Caminhos de Jesus” pela Globoplay, foi sensivelmente fisgado pelas parábolas de Jesus em suas aulas de Religião.

“O frei narrava de maneira muito envolvente, ainda mais com seu sotaque espanhol. Era um momento fascinante para mim. Mas, com o passar do tempo, as perguntas que eu me fazia enquanto ouvia as parábolas foram se tornando mais importantes e eu queria entender o contexto todo da vida de Jesus. Percebi que era possível ir a fundo nesse conhecimento”, explica.

Porém, foi apenas em 2013, quando assumiu o posto de correspondente da Globo no Oriente Médio, com base em Jerusalém, que Alvarez passou a respirar e vivenciar a história de Cristo em seu dia a dia. Com esse mergulho profundo, ele levou todo o seu conhecimento adquirido nos bancos escolares e leitura da “Bíblia” para a assinatura de uma extensa literatura sobre a temática cristã.

“Comecei a estudar, conversei com religiosos, teólogos e arqueólogos. Com isso, foi natural ter escrito seis livros sobre a temática cristã, sendo quatro deles especificamente sobre Jesus e aqueles que o acompanharam”, afirma.

Dos livros para o recém-chegado streaming, Alvarez atua como codiretor e roteirista da docussérie “Os Caminhos de Jesus”. Fundamentada na pesquisa e investigação do jornalista para o seu best-seller “Jesus, O Homem Mais Amado da História”, a produção audiovisual desembarca no Oriente Médio para acompanhar os caminhos percorridos por Jesus – desde a saída da Galileia para ser batizado no Rio Jordão até a crucificação em Jerusalém. A conexão entre passado e presente é uma das grandes características da docussérie, que também aborda aspectos pouco conhecidos sobre a vida do pregador nazareno.

“É um momento muito especial. Ver que aquilo que imaginamos ao longo de dois anos ganhou uma forma incrível e que está levando as pessoas a se emocionarem ao mesmo tempo em que conhecem muito mais sobre a vida de Jesus e tudo que cerca o homem mais amado da história é o que faz valer a pena todo o suor derramado na Terra Santa. Nas gravações, foi muito especial o momento em que me batizei novamente no Rio Jordão, pois tive ali um sentimento muito forte de conexão com Jesus, batizado por João naquelas mesmas águas”, aponta.

P – Após uma série de publicações sobre o universo cristão, como surgiu a oportunidade de levar esse projeto para o Globoplay?

R – Pouco mais de 10 anos atrás, comecei a pesquisar a história do cristianismo. Comecei pelo Brasil, interessado em entender o fenômeno de Aparecida e logo recebi um convite para ser correspondente da Globo em Jerusalém. A partir da minha mudança, entrei a fundo na pesquisa e na vivência sobre Jesus, seus discípulos e seu tempo. O livro que escrevi depois de viver quatro anos no Oriente Médio, “Jesus, O Homem Mais Amado da História”, trazia a pesquisa praticamente pronta para a série documental. Quando o Tiago Ornaghi (responsável pelo desenvolvimento de documentários no Globoplay) concebeu o projeto, a ideia era um pouco unir o conteúdo do livro ao estilo investigativo que nós (eu como correspondente, ele como editor) tínhamos experimentado em extensas reportagens sobre Jesus para o “Fantástico”. Logo, o Tiago me conectou com a Boutique Filmes, que entrou com sua equipe de excelência e juntos transformamos água em vinho (risos)... quero dizer, transformamos ideias em episódios.

P – Para uma série desse porte, quanto tempo levou entre a produção e o lançamento?

R – Foram quase três anos entre a ideia original do Tiago Ornaghi e a entrega do último episódio pronto. Poderia ter sido mais rápido, mas precisamos adiar muito as gravações por causa da pandemia, e – veja como são as coisas – acabamos gravando tudo durante o Verão no Oriente Médio e na França, onde vivemos um momento curiosíssimo da série, em nosso encontro com os Mandeus, os seguidores de João Batista que acreditam que... bem, não vou contar muito não!

P – Na docussérie, você explora descobertas arqueológicas sobre a vida do messias vindo de Nazaré. Ao ter contato com esse material, o que chamou a sua atenção para mergulhar em um projeto no streaming sobre a temática?

R – O que mais me impressiona é poder saber mais sobre Jesus hoje do que se soube nos últimos 1.500 anos. Com as descobertas de duas bibliotecas, uma no Egito e outra em Israel, um conhecimento que estava perdido voltou a ser estudado e nos trouxe detalhes incríveis sobre Jesus e sobre os tempos em que ele viveu. Sou encantado com as descobertas de Nag Hammadi, que nos revelaram textos apócrifos, que inicialmente eram chamados assim por serem secretos e que, depois de condenados pela Igreja, passaram a ser considerados falsos. Ter podido apreciar esses textos raros que relatam momentos que muito possivelmente foram vividos por Jesus com seus apóstolos, diálogos desconhecidos, parábolas lindas, e mais que tudo, ter me preparado tanto, estudado tanto, e agora poder contar isso aos brasileiros é algo que me fascina.

P – Em 2019, você deixou a Globo após diversos anos dedicado ao jornalismo tradicional. Como você enxerga essa nova relação de trabalho com a emissora após o lançamento da série para o Globoplay?

R – A saída da TV Globo foi tão suave que apenas 13 dias depois eu recebi o telefonema do Tiago Ornaghi (Globoplay) para começarmos o projeto da série sobre Jesus. Quando decidi deixar a carreira de correspondente, eu estava com 45 anos e sentia que a vida ainda poderia me oferecer muitos desafios diferentes de todos aqueles que eu tinha vivido (e foram muitos, passando por Nova Iorque, São Francisco, Jerusalém, Berlim e Paris). Ao sair, escrevi mais livros, decidi escrever mais ficção. Lancei “O Primeiro Imortal” e agora, em 2023, lanço “O Outro Eu”. Comecei a entrar em projetos incríveis no streaming brasileiro e internacional. Recentemente, por exemplo, gravei um documentário no México com uma produtora da Argentina. Penso que a vida do escritor/jornalista/documentarista tem uma série de trilhas possíveis de serem caminhadas, e eu estou percorrendo muitas delas. Tenho trabalhado tanto quanto trabalhava nos dias mais intensos de correspondente, e assim mesmo tenho tido muita vontade de voltar a trabalhar em tevê.

P – Como assim?

R – Um novo sonho é ter um programa diário ou semanal que me permitisse um contato mais frequente e amplo com o grande público – mas, desejo isso sem deixar de ser múltiplo, escrevendo roteiros e livros e dando aulas. Tenho feito palestras e participado de grandes projetos, como este lindo “Os Caminhos de Jesus”. Espero não soar muito orgulhoso, mas preciso dizer que não tenho notícia de nenhum documentário tão abrangente quanto esse que fiz em parceria com o Globoplay e a Boutique Filmes.