À espera de Lula, Planalto recebe "maquiagem" e galeria de presidentes tem espaço para segunda foto
Rampa do palácio passou por manutenção, e exposição temporárias ligadas a Bolsonaro já saíram do prédio
A cinco dias da posse, os preparativos para a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficam cada dia mais visíveis no Palácio do Planalto. A melancolia dos corredores desertos de assessores que já esvaziaram as gavetas com o fim do governo Jair Bolsonaro contrasta com o ritmo de trabalhadores que fazem pequenos reparos e ajustes para a cerimônia de 1º de janeiro.
A rampa por onde Lula subirá para receber a faixa presidencial novamente e o parlatório onde falará à nação passaram por polimento e manutenção. As colunas do palácio projetado por Oscar Niemeyer também receberam um retoque na pintura.
A equipe de Lula tem feito reuniões no Palácio do Planalto justamente para tratar dos preparativos da posse. Além de reparos e manutenção, há casos de mudanças na decoração da sede do governo federal.
A galeria de presidentes, que reúne todos os mandatários desde 1889, já abriu espaço para a nova foto de Lula que assumirá o seu terceiro mandato no dia 1º de janeiro. Localizada no térreo do Palácio do Planalto, a exposição deverá ter o petista como o primeiro chefe do Executivo a ter dois retratos no mural. Apesar de terem assumido dois mandatos consecutivos, os presidentes reeleitos aparecem uma única vez na coleção de ex-mandatários. E o presidente Getúlio Vargas, que governou em dois períodos distintos (1934-1945 e de 1951-1954), também tem uma única foto.
Na última quinta-feira, Lula, após anunciar os nomes de 16 novos ministros, disse que viajaria para São Paulo para fazer prova do terno da posse e fazer a barba para que Ricardo Stuckert, seu fotógrafo pessoal, já fizesse sua foto. De acordo com a assessoria do presidente eleito, o retrato oficial só será feito após a cerimônia em que receberá a faixa presidencial.
Para acomodar a segunda foto de Lula, o fundador de Brasília, Juscelino Kubitschek, que governou de 1956 a 1961, teve a imagem realocada na fileira superior do mural. Com isso, a foto de Bolsonaro já foi deslocado para o lado para ceder lugar a Lula. A imagem dele, porém, dele segue colorida, mas deverá passar a preta e branco, seguindo o padrão dos ex-mandatários, tão logo o petista assuma o poder. A reorganização da galeria está sob responsabilidade da Coordenação-Geral de Engenharia, ligado à Diretoria de Engenharia e Patrimônio da Secretaria-Geral da Presidência.
Há outras mudanças no salão no térreo onde está localizada a galeria de presidentes. Obras de arte do acervo da Presidência e mobiliário foram retirados para ampliar o espaço do local no dia da posse, mas retornarão após o evento, segundo a Secretaria-Geral da Presidência.
Exposições temporárias ligadas ao presidente em fim de mandato também não estão mais no local. O painel que tinha como título o lema da campanha Bolsonaro e ficou exposto por quase um ano não pode ser mais visto. A obra, batizada de "O Brasil Acima de Tudo e Deus Acima de Todos", foi doada ao presidente pelo artista plástico alemão Heinz Von Haken-Budweg, radicado no Brasil.
Da mesma forma, não estão mais expostos os trajes utilizados por Bolsonaro e pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, na posse presidencial de 2019. O memorial para as roupas foi inaugurado com uma cerimônia em dezembro de 2020.
No salão vazio do Planalto, restou até um Rolls-Royce com uma capota fixa, diferente do veículo doado pela Rainha da Inglaterra Elizabeth II, morta neste ano, e usado nas posses presidenciais.