Previsões

Pelé, Lula, guerra na Ucrânia - as previsões dos xamãs peruanos para 2023

São 13 xamãs de todas as regiões: do litoral, com chapéu de palha; andinos, com ponchos multicoloridos; e amazônicos, com plumas, colares e roupas com desenhos geométricos

Pelé, Lula, guerra na Ucrânia - as previsões dos xamãs peruanos para 2023 - Cris Bournclea / AFP

No cume de uma montanha sagrada de Lima, xamãs peruanos jogam folhas de coca sobre a terra, enquanto a serpente "Maria" desliza pelas fotos de vários presidentes. É hora de fazer as previsões para 2023.

Walter Alarcón veste um poncho verde com listras coloridas. Nas mãos, ele segura um "pututo", um tipo de concha, que sopra como se fosse uma corneta. Outros xamãs acompanham seu ritual. Ele põe à sua frente a foto de Luiz Inácio Lula da Silva, que assumirá o terceiro mandato na Presidência do Brasil em 1º de janeiro.

"O mandato de Lula vai ser um pouco complicado no começo porque vai haver opositores que não vão estar de acordo com o pensamento dele, mas depois as coisas vão se acalmar e ele vai fazer um [bom] papel no país irmão Brasil", diz Alarcón, que também preside a Organização de Xamãs do Peru.

São 13 xamãs de todas as regiões: do litoral, com chapéu de palha; andinos, com ponchos multicoloridos; e amazônicos, com plumas, colares e roupas com desenhos geométricos.

Eles rezaram nesta quarta-feira (28) ao 'Tayta Inti' (Pai Sol) e à 'Pachamama' (Mãe Terra) pedindo um bom 2023. No chão, uma fileira de fotos de vários governantes esperam para ser submetidos às suas previsões.

'O Rei' do futebol 

Reunidos no Monte San Cristóbal, um 'Apu' (montanha sagrada em quíchua), de 300 metros de altitude, de onde usualmente pode-se observar toda Lima quando o céu está limpo, os xamãs iniciam seu ritual.

Com panelas de barro fumegantes e ervas aromáticas, também se preocupam com a saúde de Pelé, o Rei do Futebol, internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

"Pelé é apreciado por nós e pelo mundo inteiro porque foi um bom jogador de futebol", diz o xamã Cleofé Sedano, que, infelizmente, não visualiza um panorama positivo imediato.

Por isso, entra em ação Ana Maria Simeón, "Librana", uma xamã andina, para lançar energias positivas, com incenso, arruda, flores amarelas e folhas de coca.

"Queremos cuidar de sua saúde, mais do que tudo pela idade que tem. Terá algumas complicações, mas doenças passageiras, que poderão ser superadas. Por isso o temos levantado (enviado energias), para que siga em frente".

Os xamãs passaram a noite em claro ingerindo ayahuasca, uma bebida tradicional da Amazônia, extraída de um cipó de mesmo nome, também conhecido como "corda dos espíritos", que tem efeitos alucinógenos.

Situação no Peru 

Durante o ritual, os curandeiros também colocaram no chão as fotos da presidente peruana, Dina Boluarte, e de seu antecessor, Pedro Castillo, preso após um golpe de Estado frustrado em 7 de dezembro.

"O ano que vem vai ser muito difícil para ela (Boluarte) pelos erros que está cometendo. Terá muitos conflitos. Vamos ter muitas surpresas na política", diz Sedano.

"Visualizamos um pouco de convulsão social no Peru, vão acontecer mais coisas um pouco graves", afirma Alarcón, referindo-se às manifestações que se seguiram à queda de Castillo.

"O processo dele (Castillo) vai demorar, não vai sair por mais que as pessoas façam, peçam ou digam", declara Simeón.

Fim da guerra

Sobre mantas coloridas, estendidas sobre a terra, os xamãs puseram laranjas, tangerinas, bananas e maçãs, como sinal de abundância e prosperidade. Além disso, desenharam os números do ano 2023 com pétalas de flores amarelas.

A cobra "Maria", uma serpente amazônica, desliza sobre as fotos dos presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodimir Zelensky, líderes dos dois países que estão em guerra há quase um ano.

"A guerra vai se acalmar, já neste ano que vem vai haver paz, essa fúria e o desentendimento entre Rússia e Ucrânia já vão ser aplacados", assegura Sedano, proprietário de "Maria", que leva em uma mochila.