Após ordem do STF, PF cumpre prisões de suspeitos de atos antidemocráticos e violentos em Brasília
Mandados judiciais foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (29) uma operação para apurar a organização e realização de atos antidemocráticos e violentos nas últimas semanas em Brasília, às vésperas da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. São cumpridos 32 mandados de prisão e de buscas no Distrito Federal e outros sete estados. Até o momento, foram presas quatro pessoas.
A ordem foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Um dos mandados está sendo cumprido em um hotel na capital federal. Os alvos participavam das manifestações antidemocráticas realizadas em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília, e são suspeitos de terem atuado na tentativa de invasão do prédio da PF, no último dia 12, além de terem realizado atos como depredação e incêndio de veículos.
Houve apreensão de armas e munições nos endereços dos investigados. A operação é realizada em conjunto com a Polícia Civil e foi batizada de Nero, em referência ao imperador a quem se atribui ter provocado um grande incêndio na Roma antiga.
As ordens judiciais de busca e apreensão e de prisão, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal, são cumpridas nos estados de Rondônia, Pará, Mato Grosso, Tocantins, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, além do Distrito Federal.
Um dos alvos foi Klio Damião Hirano, que participava no acampamento do QG do Exército em Brasília e foi presa ainda na noite de quarta-feira.
Em 2020, Kilo foi candidata a prefeita da cidade de Tupã, no interior de São Paulo, pelo PRTB. Nas redes sociais, ela ostenta fotos com o presidente Jair Bolsonaro (PL), assim como vídeos em manifestações e acampamentos bolsonaristas. No mais recente, de 9 de dezembro, ela diz estar no "QG da Praça do Cristal", em referência ao quartel general do Exército na Praça dos Cristais, em Brasília.
Também foram presos Átila Reginaldo Franco de Melo, no Rio de Janeiro, e Joel Pires Santana e Samuel Barbosa Cavalcante, ambos em Rondônia. Átila se apresenta nas redes sociais como "pastor e patriota". Joel também é pastor evangélico. Já Samuel chegou a ser candidato a deputado estadual pelo PL.
A investigação teve início a partir dos atos violentos do dia 12 de dezembro, quando bolsonaristas tentaram invadir a sede da PF na capital federal e promoveram atos de depredação e vandalismo, incendiando veículos e promovendo o caos na cidade.
"Os crimes objetos da apuração são de dano qualificado, incêndio majorado, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, cujas penas máximas somadas atingem 34 anos de prisão", diz a PF em comunicado à imprensa.
Como mostrou O Globo, a apuração detectou que os organizadores desse ato também foram responsáveis, na semana seguinte, por planejar um atentado a bomba em Brasília, que acabou sendo interceptada antes de explodir.
Um dos objetivos da investigação é descobrir se há financiadores e a origem dos recursos usados pelo grupo para a aquisição de armamentos e artefatos explosivos.
Em coletiva de imprensa para falar sobre a operação, o diretor-geral da PF Márcio Nunes de Oliveira disse que a investigação tramitou de forma célere, com um intervalo de 17 dias entre os fatos criminosos e a deflagração da operação, e afirmou que irão buscar a responsabilização de todos os envolvidos.
"Todos aqueles que cometerem crimes serão responsabilizados pelos seus atos", disse.
O futuro ministro da Justiça Flávio Dino afirmou, em uma rede social, que as ações deflagradas nesta quinta "visam garantir o Estado de Direito, na dimensão fundamental da proteção à vida e ao patrimônio. Motivos políticos não legitimam incêndios criminosos, ataques à sede da Polícia Federal, depredações, bombas. Liberdade de expressão não abrange terrorismo".