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Bento XVI está "lúcido" e seu estado é "estável"

Embora nunca tenha alcançado a popularidade do carismático antecessor João Paulo II, Bento XVI é uma figura muito respeitada no mundo católico

A saúde do papa emérito da Alemanha, Bento XVI, tem causado grande preocupação - Kerstin Joensson / AFP

O papa emérito Bento XVI, de 95 anos e para quem seu sucessor Francisco pediu orações, encontra-se "lúcido" e seu estado de saúde é "estável", apesar de grave, segundo o Vaticano.

"O papa conseguiu descansar bem na noite passada, está acordado e está totalmente lúcido hoje, ainda que seu estado continue grave, a situação é estável", anunciou em comunicado o diretor do serviço de comunicação do Vaticano, Matteo Bruni.

Joseph Ratzinger, de 95 anos, passou a noite sob supervisão constante dos médicos e a vigilância prosseguirá, afirmaram fontes do Vaticano.

O papa Francisco anunciou na quarta-feira (28) que o antecessor estava "muito doente" e pediu orações pelo papa emérito, cuja renúncia em 2013, por motivos de saúde, surpreendeu o mundo.

"A saúde dele piorou há três dias. As funções vitais falham, inclusive o coração", disse uma fonte do Vaticano à AFP na quarta-feira, antes de explicar que não está prevista uma hospitalização, já que a residência de Bento XVI dispõe dos equipamentos médicos necessários.

Francisco visitou Bento XVI, cada vez mais frágil e em cadeira de rodas, na quarta.

As fotos de uma visita anterior, em 1º de dezembro, mostram o papa emérito debilitado.

No último vídeo de Bento XVI, divulgado pelo Vaticano em agosto, ele apareceu magro, com aparelho auditivo e sem condições de falar.

O pontificado de oito anos de Bento XVI (2005-2013) foi marcado por várias crises, incluindo as revelações sobre abusos sexuais de religiosos contra menores de idade em vários países.

Linha conservadora
Bento XVI também viu seu nome envolvido no início de 2022 no escândalo de pedofilia na Igreja da Alemanha.

Ratzinger foi questionado em um relatório publicado em seu país por sua gestão das acusações de violência sexual quando era arcebispo de Munique. Ele saiu do silêncio para pedir perdão, mas afirmou que nunca protegeu nenhum pedófilo.

Sua renúncia, anunciada em latim em 11 de fevereiro de 2013, foi uma decisão pessoal motivada pela saúde debilitada e não à pressão dos escândalos, afirmou o ex-pontífice em um livro de memórias publicado em 2016.

Embora nunca tenha alcançado a popularidade do carismático antecessor João Paulo II, Bento XVI é uma figura muito respeitada no mundo católico.

Vários jornais italianos publicaram na primeira página o apelo do papa por orações.

O 'Corriere della Serra' publicou uma foto do papa emérito sussurrando ao ouvido de Francisco.

Como líder da Igreja Católica, Bento XVI defendeu uma linha conservadora em temas como aborto, homossexualidade e eutanásia, além de ter sido um inimigo da Teologia da Libertação nascida na América Latina.

Algumas de suas declarações provocaram grande confusão, incluindo frases sobre o Islã, o uso de preservativo contra o HIV ou a excomunhão de quatro bispos fundamentalistas em 2009.

Seu pontificado também foi marcado pelo vazamento, em 2012, de documentos confidenciais (conhecidos como "Vatileaks"), planejado por seu mordomo.

O escândalo evidenciou que a Cúria romana, a administração da Santa Sé, estava minada por uma rede de intrigas e pela falta de rigor financeiro.