BRASIL

Lula assume terceiro mandato com medidas de segurança reforçadas

A futura primeira-dama, Rosângela da Silva, conhecida como Janja, prometeu "uma grande festa popular" nomeada de "Festival do Futuro"

Lula, presidente eleito do Brasil, e Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito - Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assume a Presidência pela terceira vez no domingo (1º), diante de um público estimado em centenas de milhares de apoiadores e dezenas de chefes de Estado estrangeiros, em meio a medidas de segurança reforçadas após um atentado frustrado.

O evento, para o qual são aguardadas 300 mil pessoas em Brasília, combina atos institucionais e uma celebração popular, embalada por shows musicais.

Lula será oficialmente empossado presidente juntamente com seu vice, Geraldo Alckmin, durante uma cerimônia no Congresso.

Mas o momento mais aguardado por seus apoiadores será quando o ex-líder sindical, de 77 anos, que garante que governará o país com "a energia de 30 e o tesão de 20", subir a rampa de acesso ao Palácio do Planalto.

Um rigoroso esquema de segurança será mobilizado, em meio a preocupações com distúrbios e a tentativa de atentado com explosivo protagonizada por bolsonaristas insatisfeitos com o resultado das urnas.

Brasília vai mobilizar "100%" de sua polícia na posse de Lula, o que poderia envolver até 8 mil agentes, segundo as autoridades.

Só a Polícia Federal empregará mais de mil funcionários nos trabalhos de "inteligência e segurança" para o evento - o maior contingente já mobilizado em uma cerimônia de posse, informou a PF.

Como medida adicional de segurança, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu temporariamente o porte de armas para algumas categorias de civis no Distrito Federal.

Bolsonaro ausente?
Na rampa do Planalto, Lula deve receber a faixa presidencial, feita de seda verde e amarela e bordada em ouro e diamantes. Normalmente, o presidente eleito a recebe das mãos do antecessor.

Mas, segundo a imprensa, Jair Bolsonaro deve se ausentar da cerimônia e poderia, inclusive, deixar o país para passar o Ano Novo na Flórida, Estados Unidos.

Após sua derrota, em outubro, o presidente autorizou o início da transição do governo, mas não reconheceu publicamente a vitória de Lula (que venceu com 50,9% contra 49,1% dos votos). Bolsonaro tem se mantido em silêncio na maior parte do tempo, recluso na residência oficial do Alvorada, sem dar explicações.

Outra dúvida é se no dia da posse Lula vai desfilar para o público em carro aberto, seguindo a tradição, ou em um veículo fechado e blindado, devido às preocupações com sua segurança, mas também por causa das chuvas que persistem na capital federal.

A decisão será tomada "de acordo com a avaliação do momento", disse a jornalistas Flávio Dino, futuro ministro da Justiça e Segurança Pública.

Os preparativos para a cerimônia de posse foram sacudidos esta semana, depois que as autoridades detiveram e acusaram de terrorismo um apoiador de Bolsonaro por instalar um explosivo nas proximidades do aeroporto de Brasília na véspera do Natal.

Segundo declarações do suspeito à polícia, tanto ele quanto outros bolsonaristas planejavam colocar explosivos em locais estratégicos com o objetivo de "causar o caos", provocando, assim, a intervenção das Forças Armadas.

Desde a eleição, alguns bolsonaristas continuam acampados em frente a quartéis do Exército em várias cidades, reivindicando uma intervenção para impedir a posse de Lula. Em 12 de dezembro, alguns deles incendiaram veículos e entraram em confronto com a polícia em Brasília.

Mas o acampamento em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília, "está sendo desativado", disse Dino, que garantiu uma cerimônia "segura" e convidou o público para a posse, enquanto as pessoas concluem os preparativos para irem à capital de avião, carro, caminhão, inclusive pedindo carona.

Festa multitudinária
Pelo menos 53 delegações estrangeiras de alto nível, incluindo 17 chefes de Estado e de governo, estarão presentes na cerimônia de posse, a maior participação da história, segundo os organizadores.

Entre eles estarão os presidentes de Argentina, Alberto Fernández; Chile, Gabriel Boric; Colômbia, Gustavo Petro; Paraguai, Mario Abdo Benítez; e Uruguai, Luis Lacalle Pou, além do rei da Espanha, Felipe VI.

O presidente americano, Joe Biden, que em 2015 compareceu, como vice, à posse de Dilma Rousseff, enviará sua secretária do Interior, Deb Haaland, uma mulher indígena e crítica de Bolsonaro.

O público se reunirá principalmente na Esplanada dos Ministérios.

Ali serão montados dois enormes palcos, decorados com as cores da bandeira do Brasil, no qual vão se apresentar mais de 60 artistas em cerca de 30 shows.

A futura primeira-dama, Rosângela da Silva, conhecida como Janja, prometeu "uma grande festa popular". Ela organiza em detalhes o chamado "Festival do Futuro", já batizado nas redes sociais de "Lulapalooza".

As atrações musicais incluem, entre outros, astros do pop como Pabllo Vittar; lendas do samba como Martinho da Vila; e a cantora indígena Kaê Guajajara.