LITERATURA

Cepe encerra o ano com recorde de livros lançados

Em 2022 a editora comemora 55 anos e o lançamento de 80 títulos

Ricardo Leitão - Divulgação

Em 2022, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) comemora seus 55 anos com boas notícias. A empresa pública de economia mista bateu o próprio recorde de livros publicados, com o lançamento de 80 títulos ao longo do ano, representando um aumento de 47,5% em relação a 2021, quando foram lançados 42 títulos. E o número de vendas chegou aos 30.251 exemplares, um aumento de 8,66% comparado com o ano passado.

O número é expressivo, diante das dificuldades enfrentadas pelo mercado editorial nacional, com aumento de preços, inflação alta e escassez de matérias-primas. O editor da Cepe, Diogo Guedes, enfatiza que o ano foi produtivo.

“Fizemos lançamentos importantes em várias frentes - ficção e poesia, infantis, ensaios, história e artes. Esse trabalho reforça o papel de trazer, a partir dos livros, temas fundamentais para os leitores de Pernambuco e do Brasil”, ressalta Diogo.

O editor destaca alguns títulos que deram visibilidade nacional à Cepe. "Publicamos livros como Coros, contrários, massa, de Flora Sussekind; a antologia O corpo desvelado, de Eliane Robert Moraes; Breve Manual para ser humano e O mim impossibilitado, ambos do português Nuno Félix da Costa; Tereza Costa Rêgo: A liberdade em vermelho, organizado pela jornalista e escritora Joana Rozowykwiat; Dicionário dos negacionismos no Brasil, organizado pelos professores José Luiz Ratton e José Szwako. Eles se juntam a outros títulos fundamentais como Verão, de Nivaldo Tenório; Yes, nós temos coca-cola, de Frederico Toscano; Garrafas que sonham macacos, de Everardo Norões; e As memórias de Krzysztof Arciszewski, de Bruno Miranda e Lucia Werneck; entre outras publicações”, elenca Diogo.

Na lista de publicações estão incluídos os vencedores da Prêmio Cepe Nacional de Literatura e do Prêmio Cepe Nacional de Literatura Infantil e Infantojuvenil - já em sua sétima e quarta edição, respectivamente -, e a co-realização do Prêmio Hermilo Borba Filho de Literatura, em parceria com a Secretaria de Cultura de Pernambuco/Fundarpe. Focados na valorização da cultura pernambucana, nordestina e brasileira em todos os seus aspectos, os prêmios  vêm revelando, ao longo de suas edições, novos talentos, e evidenciando ainda a criação de escritores já em atividade. 


Situada entre as mais importantes editoras públicas do Brasil, a Cepe coleciona os mais relevantes prêmios literários do País, e outros tantos no exterior. Este ano, o mais significativo deles foi o Prêmio Camões de Literatura, que consagra o conjunto da obra de grandes autores de língua portuguesa. Coube ao mineiro Silviano Santiago, autor da Cepe, receber a honraria em 2022. Silviano já lançou Genealogia da ferocidade (2017), Uma literatura nos trópicos (2019) e Fisiologia da composição: gênese da obra literária e criação em Graciliano Ramos e Machado de Assis (2020).

Já a HQ Ragu 8 venceu o Prêmio HQ Mix. E a Cepe ainda teve destaque no Prêmio Jabuti. Os títulos Natureza, a arte de plantar, de Leonardo Fróes, e Memorial de grandes ausências, de Aluízio Falcão, ficaram entre os dez finalistas nas suas categorias. Já o livro Bicho Geográfico, de Bernardo Brayner (2021), ficou entre os semifinalistas do Prêmio Oceanos 2022. 


Investindo em importantes coleções que esmiúçam acontecimentos de datas históricas, a Cepe lançou a Coleção Pernambuco na Independência, conjunto de dez livros que traz um olhar sobre a Independência do Brasil na perspectiva de Pernambuco e de seus movimentos libertários. Já foram lançados cinco títulos. Por sua qualidade editorial e importância histórica, os livros foram apresentados em eventos organizados pelas universidades do Porto (Portugal) e Salamanca (Espanha).

Para o ano que vem já estão sendo esperados títulos importantes como a fotobiografia de Sônia Braga, as biografias de Alceu Valença e Miró da Muribeca, além dos títulos Guerreiros do sol, de Frederico Pernambucano de Mello, e Uma História da Arte, de Elvira e Carolina Vigna.  


Cuircuito
Com a realização de dez feiras ao longo do ano, o Circuito Cepe de Cultura ampliou seu raio de ação, alcançando 150 mil pessoas. Para alcançar esse resultado foram gastos R$ 3 milhões e incluídos novos municípios e novos formatos, como a I Feira Literária de Amaraji (Fliamar), o Festival Café Cultural de Taquaritinga do Norte, a Feira Miolo(s) Olinda - a mais importante feira de editoras independentes do país que, pela primeira vez, ganhou uma versão fora de São Paulo - , e a I Feira Literária de Camaragibe. O circuito representou 13% do volume total de produtos vendidos pela Cepe em 2022. 


Pernambuco é o único estado que mantém um circuito cultural literário com a proposta de estabelecer intercâmbio entre os fazedores de cultura de todas as regiões, do Recife e região metropolitana, Zona da Mata, Agreste e Sertão.  Os eventos contam com o apoio das prefeituras municipais para que aconteçam, através de suporte logístico e cultural, além da disponibilização de incentivos para aquisição de livros por alunos e professores.

Parcerias e Apoios 
Grande parceira de eventos culturais pernambucanos, a Cepe apoiou o CinePE, o festival No Ar: Coquetel Molotov, a CASACOR Pernambuco, o Congresso Eucarístico Nacional, o festival Animage e o Porto Musical. Houve grande valorização também às artes visuais pernambucanas, com investimento de R$ 750 mil. Além da publicação de livros de arte, a Cepe promoveu a realização de quatro importantes exposições: Tereza Costa Rêgo, baseada no título A liberdade em vermelho; SempreNunca Fomos Modernos, referenciada no livro Pernambuco Modernista; Adão Pinheiro - 80 anos, feita com informações do livro Adão Pinheiro; e Firme e Forte - 40 anos do Museu da Cidade do Recife, cujo conteúdo serviu de base para o livro Museu da Cidade do Recife: 40 anos em movimento.


Merece reconhecimento o projeto Caixa de Leitura, nascido em 2021 com a proposta de doar títulos a iniciativas, escolas públicas, ONGs e bibliotecas comunitárias que buscam democratizar o acesso ao livro e formar novos leitores e leitoras. Em dois anos foram doados cerca de nove mil livros, dos mais variados gêneros - artes, história, ficção e infantojuvenil -, a 170 instituições que, através do e-mail caixadeleitura@cepe.com.br, demonstraram interesse em participar do projeto. 


Em 2022 a Cepe inaugurou sua sexta livraria física, levando para Garanhuns a primeira loja no interior do estado, em parceria com o Sesc, que a acolheu no Centro de Produção Cultural, Tecnologias e Negócios. Buscando conquistar novos leitores e se tornar conhecida fora do Estado, pela primeira vez  a editora participou, com estande próprio, da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, e marcou presença na Feira Literária Internacional de Paraty (Flip).


Expansão
A Cepe Doc - unidade de digitalização, gestão e guarda de documentos - registrou um crescimento de 30% em relação ao ano de 2021, chegando  a dezembro com um rendimento de R$ 20 milhões - o que corresponde a quase 40% do faturamento geral da empresa. A unidade também ampliou seu espaço físico, passando de 5.880 metros quadrados para 8 mil metros quadrados. Esse aumento de 36% de área se fez necessário para a devida gestão e guarda de documentos administrativos dos clientes, que geraram 110 milhões de documentos digitalizados. 


Além das 30 secretarias e órgãos do Executivo estadual, e do Ministério Público de Pernambuco e Prefeitura do Recife, vale destacar a digitalização das pastas carcerárias dos apenados do sistema prisional pernambucano, formado por 67 estabelecimentos. Foram digitalizados 1,8 milhão de documentos. “O serviço irá assegurar mais agilidade no trâmite judicial dos processos”, afirma o superintendente de digitalização, gestão e guarda de documentos Igor Burgos, que ressalta a digitalização de nove milhões de fichas de identificação da população pernambucana do Instituto Tavares Buril (ITB). “O serviço permite agilidade para a retirada de documentos, disponibilizando dados da sociedade em meio virtual pelo ITB”, explica Burgos. 


À frente da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) desde 2014, o presidente Ricardo Leitão destaca a evolução positiva da empresa.

“Nesse período, a Cepe conseguiu cumprir a sua missão institucional, que é atender às demandas dos órgãos públicos estaduais no que toca a prestação de serviços gráficos e fomentar o livro e a leitura. Em relação ao primeiro ponto, crescemos no sentido de ampliar, com a guarda, seleção e digitalização de documentos administrativos. Quanto ao segundo ponto, a Cepe Editora, uma das mais importantes editoras públicas do Brasil, publicou não apenas autores pernambucanos e regionais, mas também autores de relevância nacional, tendo o reconhecimento dos mais importantes prêmios literários do país, destacando o Prêmio Jabuti”, destaca o presidente.

 

Ricardo Leitão salienta ainda que todas essas iniciativas sempre levando em consideração o equilíbrio financeiro, mesmo nos momentos graves da economia nacional, como os anos 2020 e 2021, período que marcou o agravamento da pandemia de covid-19, que atingiu negativamente o mercado editorial brasileiro.