Política

Novo líder do governo no Congresso espera 'no mínimo' 60% dos votos do União Brasil

Para Randolfe Rodrigues, 'não é aceitável um partido' ter três ministérios e se dizer independente

Senador Randolfe Rodrigues - Agência Senado

Embora os trabalhos legislativos só sejam retomados em fevereiro, o novo líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), já começou a trabalhar para facilitar a interlocução de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Até o momento, a situação mais delicada para o Executivo é garantir a fidelidade do União Brasil, rachado após as negociações de três postos no primeiro escalão. Segundo o novo líder, em um momento inicial, o governo Lula espera "no mínimo" 60% dos votos da legenda em ambas as Casas.

Após ser preterido para compor a equipe ministerial, o líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (União-BA), avisou que a sigla seria independente. Randolfe Rodrigues, contudo, espera encontrar uma realidade distinta.

No domingo, foram empossados três nomes indicados pela legenda: Juscelino Filho (Comunicações), Daniela do Waguinho (Turismo) e Waldez Góes (Integração Nacional). O último deles ainda precisa se filiar à sigla e tem como missão acalmar o partido na Câmara.

"Nós estamos tratando a relação com o partido. Houve um diálogo institucional, liderado pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP). Não é aceitável um partido ter três ministérios dos mais importantes da Esplanada (e não votar com o governo), tendo (a escolha do) Ministério das Comunicações criado constrangimentos com a nossa base social. Ter também um ministério do Desenvolvimento Regional (que virou Integração Nacional). Então, não é aceitável um partido ter uma presença dessa na Esplanada e se arvorar como independente", argumentou Randolfe.

Ao Globo, ele tratou do patamar mínimo de fidelidade esperada pelo governo.

"O senador Davi assumiu o compromisso conosco de a maioria dos votos da Câmara e do Senado estarem conosco. O que é maioria? Cinco de dez não é maioria. Cinco é metade. Já seis de dez é maioria. Então esperamos que no mínimo 60% na Câmara e no Senado votem com o governo. Isso não se configurando, aí tem que ter uma DR. Discutir a relação, não é? O compromisso, no matrimônio, no altar, de lealdade, incluiu isso", explicou o senador.

Segundo aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o veto à indicação de Elmar Nascimento criou um constrangimento adicional. Lira esperava ter o parlamentar na pasta para poder agradar a deputados que são considerados de sua base. Ou seja, o núcleo duro do Centrão, formado por parlamentares de PP, PL (parte da bancada) e Republicanos. Randolfe disse que a negociação passou apenas pelo União Brasil.

"Não há razão (para Lira retaliar). A base de apoio do presidente Lula votará em sua ampla maioria no presidente Arthur Lira. Então, eu não vejo razão pra isso. Eu separaria isso para ser um problema do União Brasil mais propriamente do que ser um problema institucional com o presidente da Câmara. Há um compromisso com o União Brasil. Eu não posso cobrar nada do presidente Arthur Lira. Mas acho que os líderes de governo têm a obrigação de cobrar dos partidos que integrar a base de governo", declarou.

O novo líder do governo no Congresso destacou que na terça-feira terá uma conversa com os líderes de governo da Câmara e do Senado, José Guimarães (PT-CE) e Jaques Wagner (PT-BA), além do novo ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP). Definirão, na ocasião, a atribuição de cada um. A primeira missão será monitorar a tramitação das três primeiras Medidas Provisórias editadas pelo governo, que tratam da desoneração de combustíveis, a reorganização administrativa e a modulação de programas sociais.

Para quem é governo e se propõem a fazer um governo reconciliação nacional, não pode ter diálogo difícil com ninguém, nenhum partido. Vamos estabelecer diálogo com todos os partidos, e até com a oposição, dentro dos marcos da democracia. O que nós não teremos tolerância é com quem quer manter o incentivo à ruptura democrática. Com esses, não devemos ter tolerância.

Neste cenário, levando em base o compromisso do União Brasil, o líder do governo afirma que a atuação do senador eleito Sergio Moro (União-PR) será de responsabilidade do União Brasil.

"Essa é uma responsabilidade do União Brasil (cobrar o voto de Moro)", disse ele, que completou "o senador Sergio Moro é um problema interno do União Brasil. Esta parte não será responsabilidade nossa. Será dos líderes do União para conosco. Houve uma celebração de casamento. Se esse namoro foi precipitado, antecipado, a esta altura pouco importa. O que importa foi a celebração de casamento. E nós precisamos contar com o apoio do União Brasil", finalizou.