Novo centro de pesquisas da Unicamp já busca soluções para a Internet 6G
Fruto de parceria com a Fapesp e a empresa Ericsson, o Smartness vai reunir pesquisadores de várias universidades para explorar soluções inovadoras em telecomunicações
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a empresa Ericsson criaram o Centro de Pesquisa em Engenharia em Redes e Serviços Inteligentes (Smartness), voltado ao desenvolvimento de soluções de rede e aplicações voltadas à sexta geração de internet móvel (Internet 6G), prevista para 2030. Pelo menos outras 16 universidades brasileiras estão engajadas no projeto, que deve envolver pelo menos 50 pesquisadores em seu primeiro ano. O investimento é de R$ 56 milhões em dez anos, dos quais R$ 28 milhões são aportes da Fapesp e da Ericsson, que ficará responsável pela infraestrutura.
A ideia é garantir soluções para infraestrutura de rede aplicada, baseada em inteligência artificial para que as conexões de tornem mais eficazes e seguras. As conexões hoje são entre humanos e máquinas, mas em 2030 o tráfego de informações poderá ocorrer entre máquinas inteligentes conectadas, aumentando a demanda do sistema. Há ainda pela frente a "internet dos sentidos", que pode misturar o mundo real com o virtual, criando uma realidade mista com uso de inteligência artificial, realidade virtual e realidade aumentada.
"É difícil antecipar o futuro. Nosso desafio é antecipar as possibilidades, criando conexões que tornem possível aquilo que não é imaginável hoje", afirma Mateus Santos, head de pesquisa aplicada da Ericsson no Brasil.
O Smartness deve funcionar como um hub de pesquisas, atraindo pesquisadores que, muitas vezes, costumam migrar para empresas privadas ou sair do Brasil. Com o centro, é possível garantir 10 anos de suporte financeiro e tecnológico para que as pesquisas sejam concluídas com vistas à chegada da internet 6G e suas novas possibilidades.
O uso de inteligência é considerado essencial para a sexta geração da internet móvel, pois permite diminuir a complexidade da operação e dos custos das redes, que tendem a se tornar muito mais complexas.
"A inteligência artificial é fundamental na construção de novas soluções. Buscamos uma rede mais automatizada, que opere com menor intervenção humana, com mais segurança e mais resiliente a falhas", explica Santos.
O professor Christian Esteve Rothenberg, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp e pesquisador responsável pelo Smartness, descreve a atividade do centro como o desafio de "olhar para o futuro e pensar quais são os serviços e as aplicações que vão demandar um conjunto de novas tecnologias nos próximos dez anos".
"O objetivo é desenvolver pesquisas, com avanços científicos e tecnológicos para aplicações na indústria e na sociedade. É tão importante a produção do conhecimento quanto a aplicação em termos práticos", afirma Rothenberg.
Segundo o professor, o centro vai buscar solucões para os desafios da telemedicina, da educação à distância e das aplicações industriais e da sociedade, como realidade aumentada, carros autônomos, robôs e drones.
Entre as aplicações futuras, por exemplo, estão uso de braços robóticos para aplicações industriais e de saúde, como tele cirurgias e treinamentos com óculos na realidade aumentada. Na área de saúde, por exemplo, há o desenvolvimento de instrumentos capazes de permitir cirurgias à distância.
O armazenamento de dados é outra preocupação para o fim desta década, com o objetivo de trazer a nuvem para perto do usuário. Usada para arquivo de dados, a nuvem pode permitir posicionamentos mais precisos e interação entre os óculos de realidade virtual com o ambiente físico.
O Smartness funciona na Unicamp, em Campinas, universidade que tem uma longa parceria com a sueca Ericsson, inclusive com o financiamento de viagens internacionais de pesquisadores. A empresa possui um centro de pesquisa e desenvolvimento em Indaiatuba, na mesma região, que conecta pesquisadores brasileiros e estrangeiros com diversas universidades do país.
A proposta é atrair outras companhias para apoiar, testar e ampliar a busca de soluções para outros segmentos do mercado. A Unicamp já possui outros centros no mesmo modelo, como o Centro de Inovação em Novas Energias (Cine) e o Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas.