Fávaro quer gestão compartilhada da Conab com Desenvolvimento Agrário e volta dos estoques públicos
No novo desenho da Esplanada, estatal deixa o guarda-chuva da Agricultura. Ministro defende 'retorno' e diz que estoques públicos serão fundamentais no combate à fome
O novo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, quer recuperar a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que no redesenho da Esplanada deixou a estrutura do Ministério da Agricultura e foi para o Desenvolvimento Agrário. Ele quer fazer uma gestão compartilhada da estatal e quer definir o tema ainda nesta semana, após reunir-se com os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). Com a reestruturação, a Agricultura ficou com a Embrapa e o Desenvolvimento Agrário com a Conab e o Incra.
"O Incra tem que fazer parte do Ministério do Desenvolvimento Agrário porque a grande função do Incra é titular pequenos e médios produtores. Nada mais justo que estar lá. Com relação à Conab, ainda temos uma discussão estruturante, porque não faz sentido não ter a Conab no Mapa porque perde o sentido a secretaria de política agrícola. Vamos trabalhar transversalmente: a Conab pode e deve ter um papel ainda maior do que teve", declarou o novo ministro.
Essa discussão sobre a reestruturação da Conab também passa pela renovação da política de estoques públicos. Atualmente, muitos estoques estão zerados, de forma que o governo não consegue influenciar no preço de alimentos em casos de altas inesperadas.
"Estamos discutindo isso, em fazer uma gestão compartilhada Mapa e MDA para juntos criarmos uma grande Conab. A Conab não precisa só fazer relatório de expectativa de produção, estoques. Precisamos ter um pouco de estoque público, se não, não fazemos combate à fome", disse.
Ele disse ainda que os armazéns para estocagem não precisarão ser, necessariamente, da Conab. O importante será ter uma estratégia desenhada. Fávaro quer resolver isto nesta semana.
Questionado sobre a prorrogação da desoneração dos tributos federais sobre combustíveis e o impacto disso na carreira do etanol, Fávaro disse que a medida que baixou o custo da gasolina e diesel foi “eleitoreira”, mas a população não pode ser penaliza com um aumento nesses preços:
"A cadeia do etanol está completamente comprometida, porque ela se igualou tributariamente a combustíveis fósseis. Por isso essa medida provisória está dando um prazo maior para a gente pensar", destacou.
Gargalo na imagem
Fávaro voltou a ressaltar que um grande desafio de sua gestão será a recuperação da imagem do Brasil junto à comunidade internacional.
"A imagem da agropecuária brasileira está destruída mundialmente. Nos tornamos párias em relação a política de destruição do meio ambiente e isso traz dificuldade para nós", ponderou.
Ele reiterou que trabalhará em conjunto com outros ministérios, como o Meio Ambiente de Marina Silva, para focar em políticas de combate ao crime ambiental e oferta de alternativa para crescimento de áreas plantadas. Uma alternativa é a recuperação de 40 milhões de hectares degradados por pastagens, mas que podem ser recuperados para se tornarem área cultivável.
Nesse sentido, ele vai trabalhar para a recomposição do orçamento da pasta, injeção de mais recursos na Embrapa, estatal de pesquisa, e busca por novas linhas de financiamento rural.
Entre essas novas linhas está uma voltada para a recuperação de áreas de pastagem, que exigem longo prazo e juros baixo, para financiar a compra de calcário, fostato e cloreto de potássio para a recomposição do solo.
Ele não quis detalhar mais a medida dizendo que “o governo começou hoje”. Em relação à composição de sua equipe, disse que já pensou em nomes, mas não bateu o martelo, e a definição sairá nesta semana.