Ministério da Cultura é refundado pelo governo Lula; confira o perfil de alguns nomeados
Além da nova ministra, a cantora Margareth Menezes, que tomou posse no último domingo, foram anunciadas nomeações que dão a dimensão da representatividade e atuação da pasta
Cumprindo promessa de campanha, no primeiro dia de governo, decreto do presidente Lula recriou o Ministério da Cultura (MinC), extinto no governo anterior. Publicado no Diário Oficial da União, o decreto aprova a “Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Ministério da Cultura e remaneja cargos em comissão e funções de confiança. Além da nova ministra, a cantora e compositora soteropolitana Margareth Menezes, que tomou posse no último domingo, a nova pasta tem anunciado nomeações que dão a dimensão da representatividade e começam a traçar um perfil de como serão as políticas de cultura do governo Lula. Confira.
Fundação Palmares
Depois de quatro anos polêmicos da gestão do bolsonarista Sérgio Camargo, a Fundação Palmares será comandada, a partir de janeiro, pelo advogado, militante negro e presidente do Olodum João Jorge Rodrigues.
Rodrigues foi anunciado no final de dezembro por Margareth Menezes. O novo presidente terá a missão de resgatar a Fundação, depois do sucateamento do órgão e tensão política e perseguição ideológica aos representantes da cultura afro-brasileira. João Jorge Rodrigues é filiado ao PSB e construiu sua trajetória no movimento anti-racista, participando de diversas campanhas nacionais e internacionais para a promoção do povo negro brasileiro.
Funarte
Maria Marighella, neta de Carlos Mariguella, militante da luta armada contra a ditadura militar brasileira, vai assumir a presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte), entidade vinculada ao MinC. Maria Marighella (PT) é atriz e vereadora de Salvador, e recebeu o convite da ministra da pasta Margareth Menezes. O anúncio foi feito ontem.
Em seu Twitter, Maria, que é autora da Lei do Dia da Dignidade Menstrual, agradeceu a confiança da ministra. “Neste momento de retomada democrática do nosso país, recebi o convite para assumir a presidência da Fundação Nacional de Artes - Funarte, entidade vinculada ao Ministério da Cultura, com a tarefa irrefutável de retomarmos a construção da Política Nacional das Artes - interrompida pelo golpe de 2016 e conectarmos essas políticas ao Brasil do futuro que tanto sonhamos”, postou.
“Assumo com muita honra a missão que me foi confiada pela Ministra Margareth Menezes - a quem celebro e agradeço. É uma grande responsabilidade ser a primeira mulher nordestina a ocupar esta Presidência. (...) Refundaremos também a Funarte com a força da Cultura de todo Brasil. À reconstrução do MinC, à refundação do Brasil!”, concluiu a nova secretária da Funarte.
Biblioteca Nacional
Também foi anunciado ontem o novo presidente da Fundação Biblioteca Nacional: o romancista, poeta, ensaísta e tradutor Marco Lucchesi, que chega hoje ao Brasil para se reunir com a ministra da Cultura.
Desde 2021, quando deixou a presidência da Academia Brasileira de Letras, o carioca de 59 anos havia tirado um ano sabático na região da Toscana, Itália. Marco foi editor da "Poesia Sempre", revista da BN criada pelo então presidente Affonso Romano de Sant'Anna em 1991, responsável pela publicação fac-similares de textos que se encontravam fora de alcance do público. Também foi curador de diversas exposições, como "Leonardo 500 anos", que celebrou o aniversário do artista Leonardo Da Vinci em 2019.
No comando da ABL, Lucchesi teve gestão marcada por projetos sociais na Casa de Machado de Assis. Desde 2001, ele visita regularmente presídios e lidera projetos de doações de livros para prisões, comunidades quilombolas, indígenas e povos ribeirinhos da Amazônia.