Noivos que se conheceram no Barro/Macaxeira fazem ensaio fotográfico em terminal no Recife
Raíza e Thiago pegaram juntos um ônibus no TI Barro, em 2011. O resto é história
Era para ser apenas mais um dia normal nas rotinas de Raíza Melo e Thiago Conrado, em 2011. Estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), os dois estavam a caminho do campus em um ônibus da linha 202 - Barro/Macaxeira (Várzea) quando se conheceram.
Para celebrar a história de amor, quase 12 anos depois, eles fizeram um ensaio fotográfico pré-casamento no Terminal Integrado do Barro, na Zona Oeste do Recife, onde tudo começou. Os cliques, feitos por uma fotógrafa amiga do casal, viralizaram nas redes.
O ensaio mostra o casal em situações comuns a quem pega ônibus no dia a dia, como comprando pipoca vendida por uma ambulante e até engraçadas, como pulando a catraca. Uma das imagens mostra o casal sentado nas cadeiras e abraçados. O casamento dos dois será nesta sexta-feira (6), à noite, no Recife.
Na época, Raíza estava no primeiro período do curso de Ciências Biológicas e Tiago, no quinto de Física. Ela conta que correu muito para pegar o Barro/Macaxeira, ônibus que costumam estar sempre lotados, mas o coletivo partiu sem ela.
"Eu fiquei muito chateada. Encostei na grade e fiquei ali de boa esperando o próximo ônibus, eu era a primeira. Daqui a pouco, vem Thiago, tranquilo, com um suposto celular que eu achava que era, mas era uma calculadora científica. Ele ficou na grade e mexendo no celular. Daí eu olhei para ele e pensei: 'nossa, esse menino é muito amostrado, ele está aí com o celular da moda e não para de mexer", lembra Raíza.
Depois da fila, os então estudantes embarcaram, finalmente, no ônibus para ir à faculdade. Os dois sentaram juntos, mas no caminho Thiago cedeu o lugar a uma grávida. Raíza pediu para segurar as pastas que o futuro esposo carregava e acabou lendo que tinham um professor em comum. "Perguntei se ele também fazia Ciências Biológicas e ele falou: 'não, faço Física'. Aí eu: 'ah, Educação Física'. Ele: 'não, é Física mesmo", completou a professora.
Raíza lembra que os dois desceram do ônibus e não se encontraram mais. Algumas semanas depois, se esbarraram novamente, de costas. "Quando eu olhei, falei: 'Thiago'. E ele: 'Maísa'. Eu: 'não, é Raíza o meu nome'", lembra ela, que acrescenta que Thiago havia entendido errado seu nome quando se conheceram. "Nós tínhamos uma amiga em comum, fomos conversando ao longo da viagem. Trocamos Orkut, trocamos MSN", completa.
"Ele descobriu que eu estagiava na biblioteca do Centro de Educação e ele começou a estudar lá, sendo que o centro dele era o CCEN (Centro de Ciências Exatas e da Natureza), bem distante, mas ele ia todos os dias e eu achava muita coincidência, todos os dias eu encontrava com esse menino. E quando eu estava voltando para casa, todos os dias a gente se encontrava mais uma vez. E eu achando tudo muita coincidência. Eu vou para o Restaurante Universitário, encontro com ele; eu tô aqui na biblioteca, encontro com ele; eu tô indo para casa, encontro com ele", conta Raíza ao lembrar momentos antes do namoro do casal. Thiago alegou ser muito persistente.
Depois, Raíza pediu umas aulas de Física para ajudá-la na faculdade. "Ele começou a me dar aulas, foi aí que a gente foi se apaixonando. Nós eramos solteiros e muito jovens", completa a professora. Na época, Raíza morava no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, e Thiago, em Boa Viagem, na Zona Sul da capital pernambucana.
Ensaio no terminal do Barro
Raíza diz que a ideia do ensaio no terminal partiu de Mônica Silva, fotógrafa amiga do casal que será inclusive madrinha do matrimônio e que deu as fotos de presente. "Ficamos muito felizes com a ideia. Ficamos um pouco envergonhados no início, mas depois fluiu porque o pessoal da integração começou a interagir com a gente, os passageiros, os ônibus passavam e buzinavam, os motoristas gritavam 'viva os noivos'. Foi bem legal", disse. As fotos foram feitas em dezembro.
A professora lembra ainda que brincou com o amado ao noivarem em Paris. "Se eu tivesse uma capa de jornal, eu diria: 'Do Barro a Paris'. A reviravolta... Eu lembro que quando a gente estava lá, eu falei: "Quem diria, né, amor? A gente aqui, nos pés da Torre Eiffel, noivando e se conheceu no Barro/Macaxeira? É uma história grande, ninguém diria", brinca Raíza.
Ela fala ainda sobre a repercussão das fotos. "Eu não tenho Twitter, mas me disseram que viralizou. A gente não esperava isso, porque a gente não é influencer digital, somos pessoas comuns. E acho que é isso que chamou a atenção das pessoas", completa a professora.