Finanças

Como fazer um planejamento financeiro? Conheça dicas para melhorar seu orçamento em 2023

Especialistas da área financeira indicam cautela

Planejamento financeiro - Divulgação

Um novo governo assume o Brasil pelos próximos quatro anos. Junto a ele, diversas perguntas são feitas sobre o desenvolvimento econômico do País. Diversas questões, inclusive externas, interferem no desempenho. Em seus primeiros discursos, o novo presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a responsabilidade social que será feita no seu mandato. O tema é central do novo governo, principalmente diante de levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) que apontou 33 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave no Brasil.

Em paralelo à responsabilidade social, o governo Lula vai apresentar a sua gestão fiscal, já que o teto de gastos não será uma âncora. No governo de Jair Bolsonaro, o teto de gastos foi ‘furado’ em R$ 795 bilhões em quatro anos.

“Eu penso que o desafio da próxima gestão vai ser equilibrar a questão da responsabilidade fiscal e a responsabilidade social. Lula já especificou bem isso. A missão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é encontrar a âncora fiscal que seja crível para responsabilidade fiscal, já que o teto de gastos não funciona mais como âncora”, analisou o sócio-fundador da TGI Consultoria, Francisco Cunha.

Para o economista e sócio-diretor da PPK Consultoria, João Rogério Filho, o início do governo aponta uma transição a se estabilizar. “Transições perturbadas trazem algumas reações negativas, mas se buscarmos o histórico e a proposta desenvolvimentista do novo governo não temos como imaginar um cenário negativo. Nós tivemos na composição política de Lula uma amplitude absolutamente inédita, por isso uma dificuldade natural de estruturação da equipe de governo. Tivemos uma frente tão ampla e majoritária que na hora de compor o governo traz uma complexidade na elaboração da equipe”, avaliou o especialista.

Como podem ser os próximos meses
As primeiras interpretações do mercado não foram positivas a partir das falas de Lula e Haddad. Na segunda-feira, o Ibovespa recuou 3,06%, aos 106.376 pontos - na mínima da sessão caiu aos 105.981 pontos. As ações da Petrobras recuaram mais de 6%. O dólar avançou 1,51%,chegando a R$ 5,3597.

Dólar. Foto: Agência Brasil

“São reações de curtíssimo prazo que se formos acompanhar diariamente vamos ficar atordoados. Não vejo motivos para, a partir da retomada de diversos pilares estruturadores da economia, não ser otimista, uma vez que vamos corrigir diversas distorções que vinham acontecendo. Uma dessas correções é recolocar o País na posição de líder mundial da diplomacia no conflito entre os povos”, analisou João Rogério.

“Provavelmente ainda teremos meses de turbulência, ainda tumultuado, até pelo fato do governo que saiu ter deixado uma gestão fiscal bem comprometida. O mercado ainda está desconfiado de Lula, por ainda não saber com clareza a política econômica. A inflação ainda está ascendente e os juros ainda podem subir, mas acredito que no segundo semestre a poeira pode estar mais assentada”, explicou Francisco Cunha.

Como podemos nos planejar?
Diante ainda de um cenário cauteloso, inicialmente para 2023 especialistas da área financeira indicam não se endividar. Além disso, o dinheiro de reserva é fundamental para uma emergência ou ajudar nas metas financeiras.

O mais indicado é, primeiramente, entender seu planejamento financeiro para saber qual a sua renda. “O planejamento é feito focando em saber o que tem de renda para saber que tipo de compromisso pode assumir. Algumas famílias já estão com o orçamento no limite e não têm reserva. Por exemplo, deve-se analisar o aluguel. Caso a família esteja em um aluguel muito alto, que comprometa mais de 30% do orçamento da família, significa que é caro, porque ainda tem outros custos da casa”, orientou a educadora financeira, Aline Soaper.

Planejamento financeiro. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Na análise do orçamento, é importante evitar os excessos. Para isso, deve-se revisar, por exemplo, assinatura de streaming que pouco se usa, aplicativo do celular que assina e esquece, as cobranças automáticas que coloca no cartão de crédito, entre outros. E, se não tiver condições de realizar passeios caros ou emprestar dinheiro a familiares, é essencial aprender a dizer não e proteger as finanças.

Antes de comprar algum item, é fundamental entender se é realmente importante, ou se pode esperar mais um pouco. Caso realmente precise comprar um novo produto, deve-se entender se pode substituir por outro mais barato.

Renda extra é importante
A renda extra pode ajudar muito nos objetivos financeiros. Com ela é possível se manter mais preparado em uma emergência e na ajuda das metas financeiras. “A estratégia de pensar em pagar as contas e depois guardar o que sobrar é difícil de acontecer. Dinheiro não foi feito para sobrar. Então primeiro deve-se separar o dinheiro antes de começar a gastar. No começo é muito mais importante criar o hábito de poupar do que a quantidade a poupar. Importante é poupar qualquer valor que seja e depois vai aumentando devagar”, indicou Thiago Martello, educador financeiro e especialista em investimentos.

“Rever o custo de vida e trocar por outro mais barato é muito importante para criar uma reserva. O ideal é conseguir poupar pelo menos 10% da renda para construir uma reserva”, indicou Aline Soaper, ao acrescentar que o ideal é fazer o acompanhamento do seu planejamento financeiro a cada seis meses.