Invasão em Brasília

De relógio da corte de Luís XIV a tela de Di Cavalcanti, veja obras de arte danificadas em Brasília

Governo federal ainda avalia tamanho do prejuízo, já que há muitos objetos e arquivos em meio aos destroços deixados por terroristas

O quadro 'Mulatas', de Di Cavalcanti, danificado durante ação terrorista no Palácio do Planalto - Reprodução

O rastro de destruição deixado por terroristas nas instalações do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, provocou danos irreparáveis em obras de arte e patrimônios históricos de altíssimo valor. O levantamento com as perdas é provisório e está sendo atualizado, aos poucos, pelas peritos, já que muitos objetos seguem perdidos em meio aos destroços.

Há danos irreparáveis em itens como um relógio doado a Dom João VI pela corte real de Luís XIV, uma réplica da edição original da Constituição e uma tela com assinatura do artista Di Cavalcanti. A seguir, veja a lista preliminar divulgada pelo governo federal, nesta segunda-feira (9), com os artigos danificados.

Relógio doado por corte de Luís XIV
Um relógio fabricado pelo francês Balthazar Martinot, com design de André-Charles Boulle, foi destruído pelos terroristas. A peça foi fabricada no fim do século XVIII e foi dada de presente para a família real pela corte de Luís XIV. O relógio foi trazido para o Brasil por D. João VI, em 1808. O objeto ficava no terceiro andar, onde está localizado o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

'A bailarina', escultura de Victor Brecheret
A escultura "A bailarina", obra em bronze de Victor Brecheret, um dos expoentes do modernismo, foi retirada do local onde ficava exposta na Câmara dos Deputados. A peça está desaparecida.

'As mulatas', de Di Cavalcanti
No Planalto, a tela “Mulatas”, de Di Cavalcanti, foi furada pelos invasores em seis pontos. Especialistas garantem que a restauração de uma tela como esta, datada de 1962, pode levar até 90 dias. O valor da obra é estimado em R$ 8 milhões.

'Araguaia', vitral de Marianne Peretti
Em 1977, a artista Marianne Peretti usou vidro temperado e jatos de areia para produzir "Araguaia", obra instalada no hall do Salão Verde da Câmara dos Deputados, em Brasília. A peça decorativa foi destruída pelos terroristas.

'A Justiça', escultura de Alfredo Ceschiatti
A escultura "A Justiça", de Alfredo Ceschiatti, foi pichada. Terroristas inscreveram a seguinte frase na peça: "Perdeu, mané". A obra de arte em granito está instalada em frente ao prédio do STF, na Praça dos Três Poderes, e representa o poder judiciário como uma mulher com os olhos vendados segurando uma espada.

Brasão da República
No STF, segundo apuração do GLOBO, a avaliação é que o dano ao patrimônio histórico é irreparável e que o prédio principal está "completamente destruído". O brasão da República foi arrancado. Os terroristas também retiraram as cadeiras que os 11 ministros usam durante os julgamentos.

Bustos de personalidades históricas
No prédio do STF, os danos também incluem o chamado "Hall dos Bustos", onde havia bustos de figuras importantes da República, como o de Rui Barbosa, responsável pela criação da Corte no modelo atual, em 1890, e de Joaquim Nabuco, abolicionista.

Tapete de Princesa Isabel
Entre itens de valor histórico danificados pelos vândalos também no STF, está um tapete que, segundo informações do Supremo, pertenceu à Princesa Isabel, filha do imperador D. Pedro II e responsável por assinar a Lei Áurea, que acabou com a escravidão no país.

Cadeira do STF, feita por Jorge Zalszupin
A cadeira utilizada pela presidência do STF foi retirada do edifício e colocada na rua, onde terroristas posaram para fotos postadas nas redes sociais. A peça tem a assinatura do designer e arquiteto Jorge Zalszupin, expoente do modernismo brasileiro.

Exemplar raro da Constituição
Um exemplar raro da Constituição foi roubado por bolsonaristas radicais do prédio do STF. O livro é uma réplica da edição original da Carta Magna. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram terroristas que invadiram o Supremo com livro nas mãos.