Brasília

Mundo condena ataque de apoiadores de Bolsonaro e declara apoio a Lula

Atos terroristas no Distrito Federal - TON MOLINA / AFP

Dos Estados Unidos à China, passando pela União Europeia e pela América Latina, vários países condenaram o ataque de apoiadores do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro ao Congresso, ao Supremo Tribunal Federal e ao Palácio do Planalto, que alguns consideram uma "tentativa de golpe de Estado" e "fascista", e manifestaram seu apoio inabalável ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Confira as principais reações:

- Estados Unidos

O presidente Joe Biden resumiu o ataque em uma palavra: "ultrajante". Seu conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, disse que Washington "condena qualquer tentativa de fragilizar a democracia" e disse que Biden "acompanha de perto a situação".

"Nosso apoio às instituições democráticas do Brasil é inabalável. A democracia do Brasil não será sacudida pela violência", destacou Sullivan no Twitter.

- China

China "se opõe firmemente ao ataque violento" contra as sedes do poder no Brasil, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, destacando que Pequim "apoia as medidas tomadas pelo governo brasileiro para acalmar a situação, restaurar a ordem social e preservar a estabilidade nacional".

- Rússia

Nesta segunda, o Kremlin condenou a invasão de ontem e disse que "apoia plenamente" o presidente Lula.

"Condenamos, da maneira mais firme, as ações dos instigadores de distúrbios e apoiamos plenamente o presidente brasileiro Lula da Silva", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à imprensa.

- Vaticano

Também nesta segunda, o papa Francisco se referiu às "crises políticas" no continente americano, fontes de "tensões e violências", com menção particular ao Brasil.

“Penso nas várias crises políticas em vários países do continente americano, com sua parcela de tensões e formas de violência agudizando os conflitos sociais”, afirmou, durante seus votos ao corpo diplomático no Vaticano.

"Penso, particularmente, no que aconteceu recentemente no Peru e nestas últimas horas no Brasil", completou.

- ONU

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar "impactado" e "absolutamente convencido de que Brasil enfrentará esta situação com a responsabilidade adequada e que o Estado de direito do Brasil seguirá em frente".

- Canadá

O Canadá também condenou o ataque e manifestou seu "apoio ao presidente Lula e às instituições democráticas do Brasil".

"O respeito do direito democrático das pessoas é primordial em toda democracia", tuitou o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.

- Argentina

O presidente Alberto Fernández expressou solidariedade ao governo Lula "diante desta tentativa de golpe de Estado" e, como presidente da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), convidou a região a se unir contra "a reação antidemocrática".

- México

"Reprovável e antidemocrática a tentativa golpista dos conservadores do Brasil, estimulados pela cúpula do poder oligárquico, seus porta-vozes e fanáticos", tuitou o presidente esquerdista Andrés Manuel López Obrador.

"Lula não está sozinho, conta com o apoio das forças progressistas de seu país, do México, do continente americano e do mundo", acrescentou.

- Colômbia

"O fascismo decide dar um golpe", tuitou o presidente colombiano, Gustavo Petro.

"As direitas não puderam manter o pacto da não violência. É hora urgente de reunião da OEA se quiser continuar viva como instituição e aplicar a carta democrática", acrescentou, mencionando a Organização dos Estados Americanos.

- Venezuela

Também no Twitter, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, rechaçou "de forma categórica a violência gerada pelos grupos neofascistas de Bolsonaro, que atacaram as instituições democráticas do Brasil" e declarou apoio a Lula e ao povo brasileiro, "que certamente se mobilizará em defesa da Paz e de seu presidente".

- Chile

O presidente Gabriel Boric, também de esquerda, qualificou o ataque de "absurdo". O governo anunciou que está impulsionando, juntamente com outros países, uma sessão extraordinária do Conselho Permanente da OEA "para respaldar a democracia e o Estado de Direito no Brasil".

- Cuba

"Incapazes de reconhecer uma vitória alternativa, os bolsonaristas do #Brasil são emuladores dos trumpistas que atacaram o Capitólio de #Washington. #NoAlGolpe [Não ao Golpe]. Solidariedade total a @LulaOficial", afirmou em um tuíte categórico o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, referindo-se ao ataque à sede do Congresso americano, em 2021, por apoiadores do ex-presidente Donald Trump.

- Uruguai

Em sua conta no Twitter, o presidente Luis Lacalle Pou lamentou e condenou "as ações cometidas no Brasil que atentam contra a democracia e as instituições".

- Bolívia

"Os fascistas sempre vão tentar tomar à força o que não conseguiram nas urnas", destacou em um tuíte o presidente boliviano, Luis Arce, que também se declarou solidário a Lula.

- Equador

O presidente Guillermo Lasso tachou no Twitter de "desrespeito e vandalismo" as ações executadas pelos apoiadores de Bolsonaro, porque "atentam contra a ordem democrática e a segurança cidadã".

Quito apoia Lula e seu governo, "legalmente constituído".

- Peru

Por meio de sua Chancelaria, o Peru condena o ataque e "qualquer tentativa de não reconhecer a legitimidade das eleições de outubro de 2022", vencidas por Lula, a quem expressa sua solidariedade.

- República Dominicana

O mesmo tom foi adotado pela República Dominicana, cujo presidente, Luis Abinader, expressou "o mais enérgico repúdio e condena os atos injustificados de violência contra os poderes do Estado e da democracia no Brasil".

- OEA

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, condenou "o ataque às instituições em Brasília, o que constitui uma ação condenável e um atentado direto à democracia".

"Estas ações são injustificáveis e de natureza fascista", afirmou em um tuíte.

- CIDH

Em um texto em português, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) "repudia os ataques às instituições e a violência em Brasília" e qualifica os atos de "ataque à democracia".

"O direito de reunião deve ser pacífico, sem armas e com apego estrito ao Estado de Direito", frisou.

- UE

"Apoio total ao presidente Lula da Silva, democraticamente eleito por milhões de brasileiros após eleições justas e livres", afirmou o presidente do Conselho Europeu, o belga Charles Michel, no Twitter.

O chefe da diplomacia da União Europeia, o espanhol Josep Borrell, também declarou apoio a Lula, dizendo-se "consternado" com esta "violência extremista".

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, disse estar "profundamente preocupada".

- Alemanha

Nesta segunda, o chanceler alemão, Olaf Scholz, condenou a invasão, que classificou como um ataque "intolerável" à democracia e expressou seu apoio a Lula.

- Espanha

Em nota divulgada no domingo (8), o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, declarou que apoia "o governo democrático, eleito nas urnas" e condenou "a atuação dos grupos que se opõem aos resultados legítimos".

E, nesta segunda, em entrevista à rádio Cadena Ser, o o ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares, disse ver um "traço trumpista" no assalto às sedes do poder no Brasil e advertiu que o "ressurgimento de movimentos ultra dispostos a atropelar tudo" é a maior ameaça à democracia.

“Há um traço, digamos, trumpista, na forma como agiram ontem (domingo), com extremistas de direita mobilizados entrando no Congresso”, afirmou.

- França

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu "respeito às instituições" do Brasil e expressou o "apoio indefectível da França" a Lula.

- Itália

A chefe do governo italiano, Giorgia Meloni, de extrema direita, considerou que "as imagens da invasão das sedes das instituições são incompatíveis com qualquer forma de desacordo democrático" e pediu "a volta à normalidade".

- Caricom

A Comunidade de países do Caribe (Caricom) manifestou que condena "a invasão violenta de prédios do governo ocorrida em Brasília" e defendeu que "os envolvidos devem prestar contas". Também pediu um rápido retorno à ordem e reafirmou seu compromisso com a democracia.