Chef de cozinha e amigo mataram projetista na Iputinga para comprar drogas, conclui polícia
Os dois homens roubaram pertences da vítima após o crime para a compra de entorpecentes
A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) detalhou, nesta segunda-feira (9), a prisão dos dois homens acusados de terem assassinado a projetista Amanda Silva Pedrosa, de 39 anos. O crime aconteceu no apartamento da vítima, no bairro da Iputinga, na Zona Oeste do Recife, no último dia 27 de dezembro.
O corpo de Amanda foi encontrado com as mãos e os pés amarrados e uma corda no pescoço no dia seguinte. Os dois homens, um de 20 e outro de 40 anos, roubaram pertences da vítima após o crime para a compra de entorpecentes.
De acordo com a família da vítima, há três meses, Amanda teria conhecido um dos suspeitos através de um aplicativo de relacionamento. O homem de 40 anos, chef de cozinha e dono de uma hamburgueria, é considerado pela polícia como o autor primário do crime. Eles se encontraram pessoalmente duas vezes, em 20 de dezembro e no dia do crime.
A partir de câmeras de segurança, a polícia conseguiu ver toda a movimentação dos suspeitos em frente ao apartamento. De acordo com a PCPE, Amanda foi assassinada entre 18h e 20h do dia 27.
No dia do crime, o chef chegou por volta das 15h no apartamento e começou a beber com a vítima. Às 17h58, o amigo do homem chegou para beber com o casal. O amigo foi preso no dia 30 de dezembro pelo crime e é considerado como autor secundário pela polícia. Os dois homens se conheceram em uma clínica de reabilitação.
Já às 19h20, os dois suspeitos saíram do apartamento para comprar mais bebidas e a vítima ficou no local. Por volta das 19h50, os dois começaram a descer do prédio com objetos de Amanda e colocaram os produtos no carro dela. Às 20h42 os homens saíram do local - o chef no veículo de Amanda e o amigo, numa moto vermelha, veículo utilizado para ir ao apartamento. A moto e os capacetes foram apreendidos. Os elementos foram essenciais para a identificação do autor secundário do crime, além das características físicas.
O amigo do chef foi preso em flagrante delito em sua residência e confessou todo o crime. Já o chef negou participação na morte da vítima e afirmou que quem praticou tudo foi o amigo e que apenas participou da subtração dos bens.
“Através das câmaras de segurança, foi possível ver um indivíduo descendo cinco vezes sozinho levando os objetos e o outro descendo duas vezes. Foram levados dois monitores de computador, uma TV, dois botijões de gás, um celular e o veículo da vítima. Segundo o indivíduo que confessou, os objetos foram trocados por entorpecentes num conjunto habitacional que fica no Cordeiro e o veículo da vítima está com um alerta, e até o momento não foi encontrado”, afirmou o delegado titular da 2ª Delegacia de Polícia de Homicídios (DHPP), Roberto Lobo.
Segundo a PCPE, no dia 4 de janeiro o inquérito policial foi concluído e, no dia 6, foi denunciado, recebido pela justiça e expedido o mandado de prisão do chef de cozinha. Quando o homem se apresentou à polícia no dia 6 para ser interrogado, foi preso por força do mandado.
“O primeiro indivíduo preso confessou que os dois participaram dos atos executórios, os dois a amarraram juntamente, e o chef de cozinha fez o estrangulamento utilizando as cordas, mas o segundo indivíduo nega a participação dele na morte de Amanda e atribui a responsabilidade para o outro indivíduo”, disse Roberto.
De acordo com o delegado, o laudo tanatoscópico constatou que Amanda morreu devido à asfixia por estrangulamento. “Foram requintes de crueldade, a asfixia também deixou o rosto bastante deformado, os dois também amarraram, impossibilitando a defesa dela e houve pancadas na cabeça. Após o estrangulamento com uma corda, ainda foi feita a asfixia com um travesseiro”, destacou Roberto. Não houve estupro.
As penas dos dois suspeitos podem variar de 20 a 30 anos de prisão, podendo ter agravantes. “A Polícia Civil fez o indiciamento por feminicídio com motivo torpe, com asfixia, impossibilitando a defesa da vítima em concurso material com furto. No entanto ele foi denunciado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pelo crime de latrocínio”, acrescentou o delegado.
Cuidados com aplicativos de relacionamento
Além do caso, a Polícia Civil de Pernambuco também fez um alerta para as pessoas que costumam se relacionar através de aplicativos de relacionamento. É necessário um cuidado maior nesses casos.
“Qualquer pessoa que entre num aplicativo de relacionamento tem que ter cuidado com as pessoas com as quais se relaciona. É muito importante observar e ter atenção a isso. Por vezes, é um encontro amoroso com o qual você coloca para dentro da sua casa um criminoso. Temos esse exemplo muito triste, muito cruel, que aconteceu mediante encontro através de um aplicativo. Tome cuidado, esse é um apelo que nós fazemos”, pontuou o gestor do DHPP, Paulo Dias.