Mulheres que pedalam por ruas da Zona Norte e área central do Recife denunciam constantes assaltos
Em todos os casos, um homem de moto se aproxima, puxa a bolsa e vai embora rapidamente, provocando, muitas vezes, a queda violenta das vítimas
Mulheres que pedalam em bairros da Zona Norte e área Central do Recife denunciam assaltos constantes e insegurança. As ciclistas relatam que as ações criminosas começaram a ser registradas com maior frequência em dezembro do ano passado e nos primeiros dias de 2023.
Em todos os casos, um homem de moto se aproxima, puxa a bolsa e vai embora rapidamente, provocando, muitas vezes, a queda violenta das vítimas. Os crimes ocorreram sempre entre 19h e 21h.
Gaia Lourenço, de 31 anos, é coordenadora da Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo), e foi uma das vítimas. No último dia 6 de janeiro, por volta das 21h, ela, o namorado e uma amiga seguiam de bicicleta na ciclofaixa da rua Mário Melo, em Santo Amaro, em direção a um bar da região, quando foi surpreendida por um motoqueiro.
"É um percurso que eu faço com frequência, inclusive sozinha, principalmente nesse horário. Quando a gente dobrou na rua da Fundição, em frente a estação da Celpe [atual Neoenergia], onde tem o estacionamento da polícia, com câmeras, um motoqueiro deu como se fosse um tapa nas minhas costa e puxou minha pochete, que estava cruzada no meu corpo. A minha sorte é que ela arrebentou na hora, e eu não desequilibrei da bicicleta", afirmou Gaia.
A vítima informou, ainda, que o criminoso entrou na avenida Visconde de Suassuna e que ela, o namorado e a amiga tentaram seguir a moto para identificar a placa, mas não conseguiram. "A minha impressão é que a placa estava toda cinza, mas por onde ele passou, há câmera de estabelecimentos e da SDS", informou a vítima, que registrou um boletim de ocorrência.
A programadora Glória Teodoro, de 26 anos, sofreu uma tentativa de roubo na mesma situação, no dia 5 de dezembro. Ela pedalava pela avenida Rui Barbosa, no bairro das Graças, na Zona Norte, quando um homem em uma moto se aproximou, puxou a bolsa, mas não conseguiu levar o objeto.
"Não se trata só de assalto ou perder um bem pessoal, é o perigo de levar uma queda e se machucar ou ser atropelada. Uma amiga foi assaltada da mesma forma no mesmo dia. Eu deixei de sair de bicicleta. Por mais que tenha um investimento para a ampliação das ciclofaixas, não existe para a segurança de a gente andar em paz", lamentou Glória.
Nas redes sociais, ela, Gaia e outras mulheres alvo das investigações se uniram em um grupo, no qual passaram a compartilhar os casos. No ambiente virtual, elas fizeram um levantamento que identificou cerca de 15 vítimas e os pontos exatos onde os assaltos acoteceram, sendo eles, em maior número, na Zona Norte. Entre as áreas estão a rua do Futuro; rua da Hora; rua Amélia; rua do Espinheiro; e Ponte da Capunga, na rua Joaquim Nabuco.
No dia 4 deste mês, a publicitária Pietra Alcântara, que pedalava com o noivo na rua Padre Roma, no bairro da Jaqueira, Zona Norte, por volta das 20h50, também foi assaltada por um homem de moto. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que Pietra teve a bolsa roubada. Ela chegou a cair com o rosto no chão após se desequilibrar da bicicleta.
Nesta terça-feira (10), a partir das 17h30, um grupo composto por ciclistas, cicloativistas, amigos e familiares de vítimas realiza um ato que sai da Praça do Derby, na área central do Recife, com destino à Secretaria de Defesa Social e, em seguida, ao Palácio do Governo do Estado, com o objetivo de cobrar às autoridades públicas medidas de segurança para quem transita pela cidade de bicicleta.
"A minha pergunta é 'o que o poder público está fazendo em relação a isso que ainda não rastreou?' o comportamento é padrão. As vítimas têm o mesmo perfil: mulheres ciclistas. Estamos sendo alvo de alguma gangue ou padrão que estão escolhendo para assaltar", afirmou Gaia Lourenço.
A reportagem da Folha de Pernambuco entrou em contato com a Secretaria de Defesa Social (SDS) e com a Polícia Militar de Pernambuco.
Por meio de nota, a PMPE informou que tem atuado diuturnamente nos locais abordados pela reportagem, e que no bairro das Graças e do Espinheiro, o 13º BPM atua com guarnições e motopatrulheiros, reforço com operações diferenciadas em pontos mais críticos e o apoio do Grupo de Apoio Tático Itinerante (Gati).
Já na rua da Fundição, em Santo Amaro, área do 16º BPM, a PM afirmou que rondas são realizadas por meio de guarnições táticas, equipes de motopatrulhamento e do Gati, além de operações diferenciadas e apoio de unidades especializadas.
A Secretaria de Defesa Social não emitiu nota sobre o assunto. O porta-voz da pasta informou que as polícias Militar (PM) e Civil de Pernambuco (PCPE) se pronunciariam sobre o assunto, enviando notas. Até o fechamento desta matéria, a PCPE não havia enviado o comunicado.