ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS

Preso por invasão ao Supremo admite à PF que viajou a Brasília em ônibus pago

Alvo disse não saber quem estava financiando o transporte; investigação busca informações sobre organizadores

Atos golpistas em Brasília - Evaristo Sá/AFP

Um dos presos em flagrante por participar da invasão ao Supremo Tribunal Federal (STF) no último domingo admitiu, em depoimento prestado à Polícia Federal, que viajou a Brasília em um ônibus fretado por terceiros. Disse, entretanto, não saber quem eram os financiadores do transporte. Um dos focos da investigação da PF é descobrir os organizadores e financiadores dos atos terroristas.

William da Silva Lima prestou depoimento à PF na noite de domingo, após sua prisão em flagrante. Ele e mais outros três foram presos pela equipe de segurança do Supremo na área interna do prédio da Corte e encaminhados no domingo à Superintendência da PF no Distrito Federal. Todos os quatro tiveram a prisão preventiva decretada após audiência de custódia realizada na noite de segunda.

No seu depoimento, William disse ter embarcado em um ônibus em Campinas (SP), cidade onde mora, na noite de sábado, com destino ao quartel-general do Exército em Brasília. O documento foi obtido com exclusividade pelo Globo.

"Saiu ontem de Campinas, por volta das 21h30, em um ônibus fretado, chegando hoje próximo ao QG, em torno das 11h30", disse, de acordo com o termo do depoimento.

Questionado sobre quem havia sido o financiador, ele respondeu: "Não conhece a pessoa que organizou a viagem para participar das manifestações em Brasília". Ele teve o celular apreendido e forneceu a senha para a PF ter acesso às mensagens e rastrear os organizadores da viagem.

É o segundo preso pelos atos antidemocráticos que admite ter tido o transporte a Brasília custeado por terceiros. O G1 revelou ontem o depoimento de um bolsonaristas de Campo Grande (MS) que também confirmou que não pagou o seu deslocamento para Brasília.

Ele relata que, por volta das 13h do domingo, deslocou-se com os manifestantes do QG do Exército em direção à Esplanada dos Ministérios. Negou, entretanto, ter cometido atos de depredação. "Quando estava em frente ao STF, percebeu que muitas pessoas entraram no local, tendo o interrogado também entrado para conhecer, por curiosidade".

No depoimento, ele diz que havia muita fumaça dentro do Supremo e que tentou procurar uma saída, mas acabou sendo preso lá dentro por policiais.

Outro alvo preso no STF, Claudiomiro da Rosa Soares, disse que reside em Balsas (MA) e se deslocou para Brasília em um "ônibus de linha regular para participar das manifestações no QG".

Também negou ter cometido atos de danos ao patrimônio do Supremo e disse que entrou no prédio da Corte após ver que outras pessoas já o haviam invadido.

"Percebeu que algumas pessoas tinham colocado fogo em móveis, tendo o interrogado apagado o fogo em três lugares. Que quando subiu alguns andares e chegou no topo do edifício, notou que também havia fogo neste local, momento que o apagou. Que quando estava descendo as escadas para sair do edifício do STF, foi abordado por um policial, sendo em seguida conduzido até esta Superintendência Regional de Polícia Federal", relatou.