Chefe da segurança diz que GSI contava com apenas 40 homens para conter invasão ao Planalto
Em depoimento, José Eduardo Pereira afirma que só no segundo andar havia 700 golpistas e que ele correu para proteger gabinete de Lula
O coordenador de segurança do Palácio do Planalto, José Eduardo Natale de Paula Pereira, afirmo à Polícia Federal que havia somente 40 homens para proteger o Palácio do Planalto no último domingo, quando golpistas invadiram as sedes dos três Poderes da República. O Globo teve acesso ao depoimento de Pereira, integrante do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que consta no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura os atos terroristas.
Os números apresentados pelo próprio servidor em sua oitiva reforçam que o contingente era insuficiente para vedar o Palácio. Questionado pelos policiais, ele afirmou que só no Salão Nobre do segundo pavimento do Planalto havia cerca de 700 pessoas, ou seja, o equivalente a 17 invasores para cada segurança.
Escalada para o plantão de domingo, Pereira afirmou à Polícia Federal que ouviu o barulho da chegada dos bolsonaristas radicais.
“Havia gritaria, barulho de cornetas e barulho de bombas. A maioria dos manifestantes vestia roupas verde e amarelo e outras roupas camufladas e desferiam palavras de ordem contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informando que não aceitavam ele como presidente legítimo”, declarou, acrescentando: “Havia por volta de 40 homens na tropa de choque do GSI para fazer a contenção dos milhares de manifestantes”.
O servidor explica que, assim que percebeu a chegada dos invasores, correu para o gabinete do presidente da República para proteger a sala. “Nesse andar, já estavam dois manifestantes que vandalizavam, isto é, quebrando vidros, portas, obras de arte, extintores e outros objetos”, diz.
Como coordenador de segurança, Pereira é responsável pela proteção dos quatro palácios da presidência — Planalto, Alvorada, Jaburu e a Granja do Torto, além de seus respectivos anexos. Ele conta que os invasores “utilizavam de violência e ameaça”, atirando pedras nas tropas de segurança. Inicialmente, eles entraram pelas janelas quebradas com uso de barra de ferro e pedras. Em seguida, continua, acessaram as portas do primeiro e segundo pisos do local.
José Eduardo Pereira apresentou à polícia uma lista de itens roubados do Palácio do Planalto. No térreo, segundo ele, foram furtados cassetetes, sprays de pimentas e 11 aparelhos de choque elétrico, sendo que dois destes foram recuperados.
Plano escudo
Enquanto os manifestantes se movimentavam em direção ao Congresso Nacional, a poucos metros do Planalto, o coordenador de segurança diz ter acionado as demais forças de segurança: Polícia Militar do Distrito Federal, Exército Brasileiro e GSI para impedir invasões nos órgãos governamentais.
“Mesmo com o acionamento das frentes de defesa, os manifestantes conseguiram romper as barreiras fixas e as linhas de defesa das forças de choque e chegaram até o espelho d'água. No espelho d'água, os manifestantes foram contidos por alguns minutos pelas forças de segurança”, explica.
Ele narra, ainda, que tentou uma negociação com os manifestantes que estavam mais próximos. Neste momento, segundo ele, outros golpistas se desvencilharam dos bloqueios e tentaram subir a rampa do Palácio do Planalto. “Embora esses manifestantes tenham sido contidos por alguns minutos, conseguiram romper os bloqueios e tiveram acesso à marquise do Palácio do Planalto”.
Natale conta que, quando as forças de segurança retomaram o controle do local, os terroristas se sentaram, se ajoelharam e começaram a rezar e cantar o hino nacional. “Os policiais militares começaram a realizar a desocupação do Palácio do Planalto quando outros policiais da tropa de choque da PM chegaram. O comandante desta tropa deu voz de prisão aos manifestantes invasores”.
Em depoimento, José Eduardo Natale detalha a invasão e diz que tentou proteger o gabinete de Lula
Em depoimento prestado à Polícia Civil do Distrito Federal, ao qual O GLOBO teve acesso, o coordenador de segurança das instalações do Palácio do Planalto, José Eduardo Natale de Paula Pereira, que integra o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmou que a tropa de choque do GSI contava com apenas 40 homens para cuidar da contenção de milhares de manifestantes quando a sede do executivo foi invadida na tarde de domingo.
O depoimento do coordenador, que é membro do GSI, consta do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura os atos extremistas que ocorreram em Brasília no último domingo. José Eduardo Natale estava de plantão no Planalto quando ouviu o barulho da chegada dos manifestantes.
“Havia gritaria, barulho de cornetas e barulho de bombas. A maioria dos manifestantes vestiam roupas verde e amarelo e outras roupas camufladas e deferiam palavra de ordem contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva informando que não aceitavam ele como presidente legítimo”, declarou, acrescentando: “Havia por volta de 40 homens na tropa de choque do GSI para fazer a contenção dos milhares de manifestantes”.
O coordenador de segurança explica que, assim que percebeu a chegada dos manifestantes, correu para o gabinete do Presidente da República com a finalidade de impedir a invasão da sala, que fica no terceiro andar. “Nesse andar, já estavam dois manifestantes que vandalizavam, isto é, quebrando vidros, portas, obras de arte, extintores e outros objetos”.
Como coordenador de segurança, Natale é responsável pelos quatro palácios - Planalto, o Alvorada, o Jaburu e a Granja do Torto, além de seus respectivos anexos. Ele conta que os manifestantes “utilizavam de violência e ameaça” para conseguir acesso ao ao Planalto, atirando pedras do próprio chão na sede do executivo e nas tropas de segurança. O acesso dos invasores se deu, inicialmente, através das vidraças que foram rompidas com uso de barra de ferro e pedras. Em seguida, continua, o acesso também foi realizado pelas entradas do primeiro e segundo piso.
Natale apresentou à polícia uma lista de ítens que foram roubados do Palácio do Planalto. No térreo, foram furtados da sala do encarregado de segurança de instalações cassetetes, sprays de pimentas e 11 armas conhecidas de choque elétrico chamadas taser — sendo que somente dois destes foram recuperados.