Funcionária pública aposentada é agredida em assalto quando pedalava no Centro do Recife
Ela estava de bicicleta acompanhada de dois amigos quando ocorreu o crime
Um grupo de três amigos vivenciou momentos de terror, no início da madrugada desta quarta-feira (11), no Centro do Recife. Eles estavam de bicicleta nas imediações da Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio, por volta da 0h30, quando foram abordados pelos criminosos. Os amigos voltavam de uma apresentação cultural que haviam assistido na rua da Moeda, no Bairro do Recife.
Segundo a funcionária pública aposentada Lígia Vieira, de 58 anos, eram cerca de quatro ou cinco bandidos e um deles carregava um facão. Ela foi derrubada da bicicleta, sofreu escoriações e teve o supercílio direito cortado.
"Acho que eram cinco ou quatro, foi tudo tão rápido, que ainda estou assimilando. Eles saíram com gosto de gás, inclusive o que me atacou estava com uma faca na mão. Ele me derrubou, o outro puxou minha bike, não consegui enxergar os companheiros, ele ficou tentando puxar minha bolsa e eu falando que não tinha celular, mesmo assim ele continuou puxando. Nem vi o momento que ele cortou, eu só sei que ao mesmo tempo com a mão esquerda, me dava socos na cabeça", relata Lígia, que acrescenta ter sido protegida pelo capacete que usava para andar na bicicleta.
"Só um [soco] que acertou meu olho e cortou meu supercílio e inchou meu olho, fora as outras escoriações da queda da bike. Depois daquele tumulto, eu fiquei grogue no chão, foi quando um dos amigos veio, me levantou e me resgatou rapidinho. Ele foi me arrastando até eu retomar a consciência. Ele me deixou na casa de uma amiga", lembra a funcionária pública aposentada.
Esse amigo que resgatou Lígia foi o responsável pelo registro do boletim de ocorrência, na Delegacia pela Internet, na manhã desta quarta-feira.
Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco informou que em registros on-line, "o usuário preenche os dados do formulário e deve aguardar a validação dos policiais civis no e-mail de quem registrou a ocorrência". Esse prazo consiste em análise e validação do registro e é de 24 horas.
O amigo, que não quis se identificar, contou que voltou ao local gritando. "Eles [os criminosos] saíram correndo para os dois lados. Ela [a amiga] ficou desorientada, levantei e saí conduzindo pelo braço esquerdo e minha bicicleta na mão direita. Passei pelos Correios e subi a ponte. Quando chegamos na esquina da Conde da Boa Vista, ela começou a entender o que havia acontecido", disse.
A outra amiga do grupo é a pedagoga Manu Saudades, de 38 anos. Ela lembra dos momentos de terror durante a abordagem criminosa. "Eu consegui ainda subir pela calçada, me desviar e aí o cara veio com um facão. Foi um livramento de quem me protege na rua que, por pouco, o facão não me atingiu. Eu saí pedalando e consegui chegar na rua da Mamede", afirmou.
Manu critica a ausência de policialmento no local do crime. "Eu acho importante frisar que não havia nenhum policiamento na Guararapes, inclusive quando consegui acionar alguns contatos meus, tinha uns amigos que estavam no Derby e chegaram a falar com policiais para ver se eles acionavam alguma viatura que estivesse perto e falaram que não podiam fazer nada", completou.
A pedagoga ainda classifica os sentimentos de insegurança e de medo como "legítimos". "Infelizmente, isso deixa a gente preocupada. Estamos vendo vários casos acontecendo, casos recorrentes, sempre o mesmo tipo de abordagem, motoqueiros que, de forma violenta, vêm fazendo esses assaltos. Recuar e deixar de estar na cidade, deixar de estar ocupando a rua e deixar de usar a bicicleta como meu meio de transporte, eu não tenho nenhuma pretensão sobre isso. O que a gente quer é cobrar das autoridades o que deve ser feito, que é garantir segurança", arrematou Manu.
A reportagem também procurou a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), mas a corporação informou que não tem registro da ocorrência. Quanto à segurança no bairro de Santo Antônio, a PMPE informou que é executada diuturnamente, por meio de guarnições táticas, motopatrulhamento e policiais a pé, que contam com o recobrimento do Grupo de Apoio Tático Itinerante (GATI).
"O comandante do batalhão foi cientificado sobre a demanda e esclarece que os Crimes Violentos Contra o Patrimônio (CVP) no bairro registra redução de 12%, graças à intensificação do policiamento, resultante do acompanhamento e planejamento estratégico contínuo", informou a PM.