Anderson Torres será defendido por advogado de Flávio no caso das "rachadinhas" e ex-senador cassado
Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro teve a prisão decretada por Alexandre de Moraes após os atos terroristas em Brasília
Alvo de uma ordem de prisão expedida por Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, contratou para sua defesa Rodrigo Roca, que representou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das "rachadinhas". No ano passado, Roca foi nomeado secretário nacional de Defesa do Consumidor, órgão vinculado ao Ministério da Justiça — o advogado era, portanto, subordinado a Torres.
Além do defensor de Flávio, Torres também contará com o apoio jurídico do ex-senador Demóstenes Torres, que é procurador de Justiça aposentado. Demóstenes teve o mandato cassado em 2012, por quebra de decoro parlamentar, após ser acusado de manter relações próximas com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A informação é da revista "Veja".
Desde o fim do governo Bolsonaro, Torres vinha ocupando o cargo de secretário estadual de Segurança do Distrito Federal, posto do qual acabou exonerado no último domingo, em meio aos atos golpistas em Brasília, com invasão e depredação do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e da sede do Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-secretário é suspeito de omissão ao não agir para impedir as cenas de barbárie na capital federal.
Nesta terça-feira, em meio às apurações sobre as responsabilidades relativas ao episódio, Moraes aceitou um pedido apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU) e decretou a prisão de Anderson Torres. O ex-ministro de Bolsonaro está nos Estados Unidos, mas anunciou que retornará ao Brasil para se apresentar à Justiça.
Nesta quarta, o plenário do STF referendou a decisão sobre Torres. Os ministros também chancelaram o afastamento do governador Ibaneis Rocha do cargo por 90 dias, medida tomada por Moraes ainda na noite de domingo.
O julgamento ocorre ao longo do dia no plenário virtual. Até o momento, já há nove votos favoráveis às duas decisões. Acompanharam o relator os ministros Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Edson Fachin, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber.
Ao afastar Ibaneis, Moraes considerou que ele teve uma "conduta dolosamente omissiva" por permitir a realização de manifestações golpistas em Brasília. Na mesma decisão, o ministro ainda determinou a "desocupação e dissolução total" em 24 horas dos acampamentos realizados nas imediações de unidades militares.
Em outro despacho, o ministro decretou a prisão de Anderson Torres, que era secretário de Segurança Pública, e do ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal Fábio Augusto, que já se encontra atrás das grades. Para Moraes, o comportamento do dois foi "gravíssimo" e poderia colocar em risco a vida de autoridades.