LUTO

Jornalista Luiz Orlando Carneiro morre em Brasília, aos 84 anos

Referência na cobertura do STF, ele estava internado em um hospital particular, e apresentava quadro de insuficiência renal

O jornalista e escritor Luiz Orlando Carneiro - Gil Ferreira/SCO/STF/03-10-2008

Morreu em Brasília, na noite de quarta-feira (11), o jornalista Luiz Orlando Carneiro. Referência na cobertura do Supremo Tribunal Federal (STF), ele estava internado em um hospital particular da capital nos últimos dias, e apresentava um quadro de insuficiência renal.

Em nota, a presidente do STF, ministra Rosa Weber, lamentou a morte. Outros ministros também se manifestaram e prestaram homenagens.

"Com tristeza, manifesto sinceros sentimentos pela perda do excepcional jornalista Luiz Orlando Carneiro. Retratou o Supremo Tribunal Federal diariamente por quase três décadas, sempre com respeito à Corte e seus integrantes, levando a informação correta aos brasileiros. Em nome da Suprema Corte, registro que o jornalismo perde uma grande referência e um profissional que sempre será exemplo para as próximas gerações", disse Rosa Weber.

Nascido no Rio de Janeiro, Luiz Orlando Carneiro se formou em direito pela antiga Universidade do Estado da Guanabara, em 1963. Antes mesmo da graduação, no entanto, enveredou pelo jornalismo: em 1959, começou a trabalhar como estagiário no Jornal do Brasil.

Cinco anos depois, Luiz Orlando assumiu a subchefia de reportagem do JB, onde também foi editor-executivo e chefe de redação. Em 1979, se mudou para Brasília, ao assumir a missão de ampliar e chefiar a sucursal do jornal na capital.
 

Em 1992, Luiz Orlando ganhou a tarefa de cobrir e traduzir para o grande público as decisões dos tribunais superiores. Assim o veterano, referência no jornalismo, se tornou também referência no mundo jurídico.

Já em 2014, passou a integrar a equipe de repórteres do portal JOTA, onde permaneceu nos últimos oito anos. Em 2018, ao completar 80 anos, Luiz Orlando Carneiro recebeu uma homenagem do STF.

À ocasião, os ministros Dias Toffoli, então presidente da corte, Ricardo Lewandowski, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes estiveram no comitê de imprensa do STF para cumprimentar o jornalista.

E além do ofício, Luiz também transitou pelo mundo das artes. Ele publicou vários livros sobre música, e era apaixonado e profundo conhecedor de jazz.

Autodidata, retratou a paixão pela música em telas com técnicas que usavam colagem e giz de cera. Os desenhos foram exibidos em vários países da América Latina.

Homenagens
Além da ministra Rosa Weber, os ministros Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Dias Toffoli também prestaram homenagens a Luiz Orlando Carneiro.

"Conheci Luiz Orlando Carneiro quando ele estava na direção do Jornal do Brasil e o encontrei algumas vezes na cobertura jornalística diária do Supremo Tribunal Federal. Luiz Orlando tinha duas virtudes que dignificam o jornalismo: integridade e isenção. Gentil e respeitoso, retratou a atuação do Supremo Tribunal Federal sempre comprometido com a verdade. Uma grande perda para o jornalismo, para o Supremo e para o Brasil", escreveu Barroso.

"Registro com imenso pesar o falecimento de Luiz Orlando Carneiro. O decano da cobertura jornalística do Supremo Tribunal Federal foi também o inventor dessa atividade. Seu uso elegante do vernáculo, o domínio do campo jurídico e a assertividade na análise vão fazer muita falta ao jornalismo. Sua personalidade afável, o largo conhecimento humanístico e a sofisticada cultura jazzística, farão mais falta ainda ao Brasil", disse Gilmar Mendes.

"É com grande tristeza que recebo a notícia do falecimento de Luiz Orlando Carneiro, nosso querido decano dos setoristas do STF. Tive a alegria de acompanhar o seu trabalho desde 1995, quando vim para Brasília, e grande parte dos seus quase 30 anos de cobertura jornalística da nossa Suprema Corte. Com seu jeito sereno e reputação profissional séria, Luiz Orlando sempre foi muito querido por todos, Ministros, colegas de profissão e servidores da Corte, e deixará enormes saudades entre seus familiares e muitos amigos", afirmou Toffoli.