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Procurador especial vai investigar documentos confidenciais de Biden

Documentos foram encontrados em um antigo escritório e uma residência particular do presidente

Joe Biden, presidente dos EUA - BRENDAN SMIALOWSKI/AFP

O secretário de Justiça dos Estados Unidos, Merrick Garland, nomeou, nesta quinta-feira (12), um procurador independente para investigar os documentos confidenciais encontrados em um antigo escritório e uma residência particular do presidente Joe Biden.

Garland disse que "assinou um documento que designa Robert Hur como procurador especial", que "o autoriza a investigar qualquer pessoa ou entidade que tenha violado a lei" nesse caso, disse em um breve discurso.

Merrick Garland, que já delegou as investigações sobre o ex-presidente republicano Donald Trump a um procurador independente, agora atribuiu a missão a Robert Hur, um ex-procurador que cuidou tanto de casos de gangues e narcotráfico quanto de corrupção e fraude.

A nomeação evidencia o compromisso de seu departamento "com a independência do poder judiciário em casos particularmente delicados e seu compromisso em tomar decisões orientadas unicamente pelos fatos e pela lei", afirmou em um discurso.

Horas antes, a Casa Branca confirmou que "um pequeno número" de documentos confidenciais, que datam de quando Joe Biden era vice-presidente de Barack Obama, foi encontrado na residência particular do hoje presidente em Wilmington, no estado de Delaware. Os documentos estavam na garagem e em um cômodo contíguo.

O advogado da Casa Branca, Richard Sauber, assegurou que o presidente "cooperará" com o procurador especial.

"Confiamos em que uma revisão exaustiva mostrará que estes documentos foram levados por descuido e o presidente e seus advogados agiram rapidamente ao descobrirem este erro", afirmou Sauber em nota.

Na segunda-feira, Biden já tinha admitido que uma dezena de documentos confidenciais havia sido encontrada no Penn Biden Center, grupo de especialistas em Washington onde ele teve um escritório.

Estas revelações põem Biden em apuros, em um momento em que seu antecessor, Donald Trump, está na mira da justiça pela forma como gerenciou seus arquivos presidenciais.

Nos Estados Unidos, uma lei de 1978 obriga os presidentes e vices a enviarem todos os seus e-mails, cartas e outros documentos de trabalho aos Arquivos Nacionais.

Revistas
Quando deixou a Casa Branca, em janeiro de 2021, o ex-presidente Trump levou caixas com documentos. Quando lhe pediram que os devolvesse, entregou 15 em janeiro de 2022.

Mas a polícia federal considerou que provavelmente havia mais em sua luxuosa residência de Mar-a-Lago, na Flórida.

Agentes do FBI revistaram o local em 8 de janeiro por "retenção de documentos confidenciais" e "obstrução de uma investigação federal" e confiscaram outras trinta caixas aproximadamente.

Foi iniciada, então, uma batalha legal para determinar a natureza dos documentos apreendidos (Confidenciais? Pessoais? Publicados?), o que retardou o processo.

Mas Trump, que anunciou que disputará as eleições presidenciais de 2024, continua sob ameaça de acusação federal.

Garland nomeou um procurador especial para supervisionar a investigação e outras sobre o papel de Trump na invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

"Irresponsáveis"
O secretário de Justiça reagiu rapidamente para cortar pela raiz as suspeitas de favorecimento.

A administração Biden "trata o presidente Trump de uma maneira e o presidente Biden de outra", disse o presidente republicano da Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, para quem "o Congresso deve investigar este caso".

Em declarações ao canal Fox, o senador Josh Hawley pediu um procurador especial. "Se há um para Trump, tem que haver um para Biden".

A reação de Merrick Garland tira os republicanos desta linha de ataque.

Mas o caso causa mal-estar entre os democratas, apesar das diferenças com o de Donald Trump, em um momento em que Joe Biden prevê se lançar em uma nova corrida presidencial.