MEC vai investigar reitor por apoiar atos antidemocráticos e golpistas
A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT-MG) encaminhou um ofício pedindo a exoneração de Janir Alves Soares, da UFVJM
O reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Janir Alves Soares, que, via redes sociais, apoiou os atos terroristas ocorridos em Brasília, no domingo (8) e também questionou o resultado da eleição presidencial, pode ser punido por isso. A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT-MG) encaminhou um ofício ao ministro da educação, Camilo Santana, pedindo a exoneração do reitor. A informação é da Carta Capital.
No documento, de 9 de janeiro, a parlamentar lista uma série de publicações feitas por Soares justificando a invasão dos apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à Praça dos Três Poderes, e a estruturas como Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal, classificando-a como ‘pacífica’.
Soares também ventila em suas publicações a tese inverídica de fraude eleitoral, uma das principais narrativas utilizadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para mobilizar a sua base de apoio desde o período das eleições, que elegeram Lula (PT). Em uma das postagens dele está uma imagem com a frase “O povo pediu uma eleição justa, não foram atendidos”, publicada em 9 de janeiro, e que termina com a afirmação: “Essas pessoas têm motivos para estar lá”.
Na peça, a parlamentar considera a atitude de Soares criminosa, além de um atentado contra o estado de direito e suas instituições democráticas, motivo pelo qual, além da exoneração, pede a apuração de sua conduta no exercício do cargo.
“A partir do momento em que o Sr. Janir, sente-se autorizado a apoiar direta ou indiretamente de atos que afrontam a vontade soberana da população manifestada nas urnas, demonstra que adotou um comportamento contrário aos princípios mais básicos do regime republicano, que é o único no qual as Universidades podem funcionar de forma livre”, destaca a parlamentar em um trecho do ofício.
Beatriz Cerqueira foi acompanhada por outros 23 deputados de Minas Gerais que endossaram as mesmas denúncias, dessa vez em um ofício encaminhado ao presidente Lula, no dia 11 de janeiro.
Soares foi nomeado como reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri em 2019, pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), dentro de uma postura de não seguir a decisão da maioria da comunidade universitária.
A chapa do então candidato a reitor recebeu apenas 5,2% dos votos válidos dos professores, funcionários e alunos da UFVJM. Desde então, vem sendo denunciado por instituições representativas de docentes e estudantes pela gestão autoritária.
Como consequência do apoio aos atos ilegais em Brasília, o reitor foi desligado do Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de Minas Gerais (FORIPES). A decisão foi anunciada no próprio dia 8 pelo presidente do órgão, Marcelo Pereira de Andrade, reitor da Universidade Federal de São João del-Rei.
Em nota, o Ministério da Educação disse que recebeu a denúncia encaminhada pela parlamentar e que será aberto um processo de apuração junto a corregedoria do MEC, seguindo todos os trâmites legais.