Beleza em domicílio

Mercado da estética, que cresceu durante o isolamento social, ganha novo perfil no pós-pandemia

Parte dos profissionais da área já começaram a perceber a mudança do consumidor: pessoas que buscam flexibilidade e praticidade, por isso, acabam procurando serviços em que possam cuidar da autoestima sem sair da sua zona de conforto

Influencer e empresária, Thaliane Pereira, usufruindo da "Bonita em Casa"- empresa delivey de beleza- enquanto trabalha na sua loja - Junior Soares

As estatísticas do mercado de beleza e autocuidado mostram que o segmento se manteve em crescimento mesmo durante o auge do isolamento social. Em 2020, um total de 3.202 empresas do setor de beleza foram abertas em Pernambuco, segundo pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

E no ano seguinte, quando já existia a vacina e as atividades estavam caminhando para a normalidade, foram abertas 9.619 empresas, aumento de mais de 200% em relação ao ano anterior. E o setor foi mais adiante, ganhou energia e viu um novo perfil de cliente surgir, aquele que busca maior praticidade e comodidade para manter a aparência em dia sem perder muito tempo.

Parte dos profissionais da área já começou a perceber a mudança do perfil consumidor: pessoas que buscam maior liberdade e que, por isso, acabam procurando serviços em que possam cuidar da autoestima, mas sem sair de casa ou do escritório.

Mercado em crescimento

Sócia e gestora da "Bonita em Casa", Daiane Kramek. Foto: Junior Soares/Folha de Pernambuco 

A sócia e gestora da “Bonita em Casa” - empresa delivery de beleza e cuidados estéticos - Daiane Kramek, explica que o mercado vem crescendo nos últimos anos. Mas tem um público específico que se destaca: são mulheres, principalmente as profissionais liberais que trabalham por conta própria. Mas também ressalta que a procura pelo serviço em domicílio também é grande por gestantes, mamães com bebês recém-nascidos e até idosas. É perceptível nelas, diz a empresária, a necessidade de “ganhar tempo” e a preocupação pela segurança de estar em casa.  
De acordo com dados do Sebrae, o que mais afetou os empresários deste ramo no pós-pandemia foram os aumentos de custos. Segundo o levantamento, 42% do público dizem que aluguel e energia foram as despesas que mais os abalaram. Uma solução eficaz adotada por muitos foi justamente abandonar o espaço físico e atender os clientes nas suas próprias casas.  

Salões saturados

Daiane explica como surgiu a ideia de levar os cuidados com a beleza para casa ou para o local de trabalho das clientes. “Salões tradicionais estão completamente saturados, a vontade era fazer algo realmente diferente. Já tínhamos experiência em vários formatos de salão, e isso nos fez perceber que o mercado delivery de beleza está num momento de crescimento. Não há muitas empresas prestando este tipo de serviço, então decidimos investir”, explica. 
Segundo a coordenadora de Articulação Estadual do Sebrae, Romarcia Lima, a pandemia gerou novas necessidades. “A pandemia impactou diretamente no comportamento do consumidor final, gerando novas necessidades e novas exigências. Solicitando não só a prestação de serviços de embelezamento, mas ainda mais a inteligência emocional para lidar com as incertezas, necessidade de autoafirmação, praticidade e agregação de valores pessoais nas entregas dos serviços. Consequentemente, surgiram novos modelos de negócios, como os serviços em domicílio: o profissional atende na casa do cliente com hora marcada, se responsabilizando em atender as normas de segurança exigidas pelos órgãos fiscalizadores”, ressalta. 

Ganho de tempo

Esse tipo de assistência facilita a vida de quem tem dificuldade de locomoção, quem tem um bebê recém-nascido, quem quer estar com os filhos por perto enquanto coloca a beleza em dia. E sem contar a praticidade de não perder tempo dirigindo, enfrentando trânsito, procurando vaga para estacionar. O ganho de tempo para as pessoas é enorme, avaliam os clientes. Outro ponto positivo citado por consumidores e profissionais: não precisam ficar esperando no salão e trabalham com hora marcada no intervalo de tempo que a cliente quiser. 
A empresária e influencer, Thaliane Pereira, é cliente do “Bonita em Casa” desde quando a empresa iniciou as atividades. “Trato as meninas do atendimento como família de tanto tempo que estamos juntas. E a gente até acha que por ser um atendimento delivery, se torna mais caro. Mas não, se a gente for pensar em gasto para chegar até um salão, de Uber e tudo mais, vale muito mais a pena”, ressalta Thali, que utiliza os serviços de unha, cabelo e massagem. 

Praticidade é destaque

Praticidade é o que a empresária destaca: “Dentro de uma vida cheia de compromissos, como a minha, eu conseguir fazer a unha, uma escova no cabelo enquanto trabalho no celular ou até quando estou em casa, foi a melhor solução para minha vida. Porque encaixo os cuidados na minha rotina e fico bonita”, conta. 
A influencer Maria Júlia Meireles, também cliente da empresa, usufrui dos serviços desde quando fez uma cirurgia plástica e precisou de cuidados. “Eu estava cirurgiada na época que contratei o primeiro serviço, e buscava conforto já que não podia ir em um salão. Me sentia suja por não poder lavar cabelo, porque não tinha condições físicas e nem estrutura em casa para lavar, fazer unha, depilação, e foi uma mão na roda pra mim", disse. "É simplesmente incrível ter um serviço de qualidade sem sair de casa”, conta. “Sair para mim é complicado, trabalho na maioria das vezes em casa. Então, ter isso é incrível e ainda mais no conforto da minha casa”, destaca.

Público masculino

A sócia da empresa conta que apesar do grande público ainda ser o feminino, também atende homens. “Nossas profissionais estão preparadas também para a assistência ao público masculino com todos os serviços ofertados em nosso catálogo. Eles costumam usar o serviço de massagem, manicure e spa dos pés. É muito interessante como chegam. Geralmente são maridos, filhos e pais das nossas clientes”, explica. 

Especialista em drenagem, Gabriela Romão. Foto: Pedro Cândido/Divulgação 

Já a graduanda em enfermagem, especialista em drenagem Gabriela Romão, recentemente, abriu seu espaço físico, mas conta que começou o atendimento no formato home care para não ter gasto de aluguel e ter praticidade de horários. 
Mas mesmo com o seu local fixo, vai continuar atendendo na casa das clientes. “Hoje em dia está tudo muito corrido, as pessoas querem praticidade. Por mais que as mulheres sejam muito vaidosas, falta um pouco de tempo para certos cuidados. Vou continuar no delivery também, por ser um atrativo a mais para minhas clientes”, diz.