Cultura Popular

Nanã e Obaluaê são homenageados pela Nação Porto Rico no Carnaval 2023

Finalizando as homenagens, o Maracatu Porto Rico reverencia as Baianas Ricas; a Nação se destaca pela criação rica de toadas e pelo diferencial instrumental no baque, como a introdução de atabaques e agbês

Maracatu Porto Rico - Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Depois de dois anos sem desfilar no Carnaval em razão da pandemia do coronavírus, a Nação do Maracatu Porto Rico volta às ruas homenageando os Orixás Nanã e Obaluaê e as suas baianas ricas. Com respeito e reverência às vítimas da Covid-19, a nação homenageia os orixás ligados à Terra e à cura.

Obaluaê, que é o orixá responsável pela terra, onde tudo nasce e tudo tem seu fim e protetor dos doentes e pobres. Ele conhece o sofrimento de carregar uma enfermidade e não quer que ninguém passe por essa dor. Sendo assim, este Orixá está associado à saúde e à cura.

Obaluaê é senhor dos espíritos, mediador entre o mundo material e espiritual. Ele conhece a tristeza e as dores como ninguém, e é a prova de que tudo pode ser superado se você tiver coragem de seguir em frente e vontade de viver. 

A nação também homenageia Nanã, a Deusa mais antiga do Culto Yorubá. Essa Yabá, anciã da sabedoria, está presente desde a criação da humanidade. Ela é a “Mãe –Terra Primordial”, dos grãos e dos mortos. É a memória do povo, pois vivenciou toda concepção do Universo.

Cultuada no Brasil nas religiões de matrizes africanas, Nanã Burucuê é a Senhora da Criação. Também é chamada de mãe, avó e “Senhora da Morte”, pois é responsável pelos portais de entrada e saída das almas. Acolhe e orienta seus filhos. Muitas vezes, é temida, intransigente e austera. Ela também
é a protetora dos doentes, desabrigados, deficientes e idosos.

Finalizando as homenagens, o Porto Rico reverencia as Baianas Ricas. No contexto histórico, elas fazem parte do séquito real, são nobres convidadas da corte. Nesta posição, no desfile, trazem Homens na representatividade dessas baianas. Possuem grande destaque trazendo roupas extravagantes, saias longas e grandes cabeças bem elaboradas. São diferenciadas das baianas de frente que usam roupas mais simples.

Biografia da Nação Porto Rico
A Nação Porto Rico fundada em 07 de setembro de 1916, tem hoje como Mestre Jailson Chacon Viana, filho da Rainha Yalorixá Elda. A Nação do Maracatu Porto Rico se destaca pela criação rica de toadas e pelo diferencial instrumental no baque, como a introdução de atabaques e agbês. Em 1999, Mestre Chacon Viana, que desde criança é contramestre do maracatu, assume definitivamente o cargo de mestre do apito, de mestre do batuque e dá um novo impulso à Nação. Sua forte musicalidade traz inovações ao baque sem perder a tradição no qual se criou.

Hoje a Nação do Maracatu Porto Rico é a nação com mais títulos do carnaval recifense, exibindo sua excelente e rica organização instrumental, dividindo seus tambores, chamados de alfaias (também conhecidos por bombos e zabumbas) em quatro tipos, divididos pelo tamanho, o timbre e a sua função; seus nomes se originam do nagô: Melê, Biancó, Ian e Iandarrum.

A Nação, que em 2016 comemorou 100 anos de existência e foi homenageada pela Prefeitura da Cidade do Recife possui o Maracatu Porto Rico Mirim e realiza com essas crianças um projeto social infantil e garante a resistência e continuidade das atividades da Nação. Está presente no calendário anual de festividades da cidade com a Noite do Dendê que acontece sempre aos últimos sábados do mês de setembro.

Serviço:
Ensaios da Nação do Maracatu Porto Rico
Dias e horários: Todas as quartas-feiras e sábados a partir das 20h
Local: Rua Eurico Vitrúvio, 487, Pina, Recife-PE
Contatos: Mestre Chacon (81)9 9700-5786
Produção Mércia Gadêlha (81)9 8542-8886