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"FIFAgate": novo julgamento por casos de corrupção começa nesta terça

Segundo o FBI, os indiciados "corromperam por muitos anos a governança e os negócios do futebol internacional"

Fifa - Divulgação/FIFA

Dois ex-funcionários da Fox e da empresa argentina Full Play serão julgados em Nova York, a partir desta terça-feira (17), por corrupção, fraude bancária e lavagem de dinheiro no megaesquema de corrupção que ficou conhecido em 2015 como "FIFAgate".

Os acusados são Carlos Martínez e Hernán Lopez, que trabalharam na empresa 21st Century Fox e no grupo Full Play, agência de marketing esportivo com sede em Buenos Aires e propriedade dos argentinos Hugo e Mariano Jinkis. Estes últimos também foram acusados, mas estão foragidos.

O ex-presidente da empresa esportiva Imagina Gerard Romy também foi acusado dos mesmos crimes, mas não se apresentou à polícia americana.

O julgamento, que deve durar de quatro a seis semanas no tribunal do Brooklyn, começa com a apresentação dos argumentos das partes e o interrogatório das primeiras testemunhas perante a juíza Pamela Chen.

Caso sejam considerados culpados, podem enfrentar até 20 anos de prisão por cada delito.

A Promotoria alega que os três acusados participaram de um esquema de pagamento de propina a dirigentes da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) em troca de lucrativos contratos de transmissão de jogos da Copa Libertadores e da Copa América, assim como partidas classificatórias e amistosos que antecederam a Copa do Mundo de 2018 e 2022.

Segundo o FBI (a Polícia Federal americana), os indiciados "corromperam por muitos anos a governança e os negócios do futebol internacional com subornos e propinas e se envolveram em esquemas criminosos fraudulentos que causaram danos significativos ao futebol".

Seus esquemas incluíam o uso de uma empresa fantasma, contratos falsos e outros métodos de ocultação para disfarçar subornos e pagamentos de propina e fazê-los parecerem legítimos, acrescentou o Departamento de Polícia.

Subornos milionários
A Justiça americana já acusou cerca de 45 pessoas e diversas empresas esportivas por mais de 90 crimes e por pagarem, ou aceitarem, mais de US$ 200 milhões em propina.

Dentre elas, 27 se declararam culpadas – quatro morreram –, e seis foram condenadas.

Três dos investigados se declararam inocentes em um julgamento em Nova York no final de 2017, entre eles, o ex-dirigente de futebol brasileiro José Maria Marin e o ex-presidente da Associação Paraguaia de Futebol e da Conmebol Juan Ángel Napout –ambos considerados culpados e presos –, além do ex-dirigente do futebol peruano Manuel Burga, que foi absolvido.

Em setembro, o ex-dirigente da Federação Salvadorenha de Futebol Reynaldo Vásquez foi sentenciado a 16 meses de prisão por aceitar US$ 350 mil em propina em troca de direitos de transmissão de partidas classificatórias e de amistosos da seleção de seu país para a Copa de 2018.

Doze dos acusados no megaesquema ainda estão em seus países de origem, onde foram processados pelos tribunais locais, ou estão em liberdade, enquanto tentam impedir a extradição.

Além disso, quatro empresas também assumiram a culpa, duas chegaram a acordos de diferimento da ação penal, e outras duas pagaram multas.