Ataques golpistas

Anderson Torres não vai fazer delação premiada, segundo advogado

Rodrigo Roca, que faz a defesa do ex-ministro, garante que ele não tem o que delatar

Marcelo Camargo/Agência Brasil

O advogado do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres, Rodrigo Roca, garantiu, em depoimento à CNN Brasil, que não há nenhuma possibilidade de seu cliente fazer delação premiada.

“Não há a menor possibilidade de delação premiada pelo fato de que não há o que ser delatado”, afirmou o jurista, acrescentando que não irá se manifestar até ter acesso aos autos da investigação.

Torres está detido desde o último sábado (14), quando desembarcou no Brasil. Ele estava de férias nos Estados Unidos. Desde então, permanece no 4º Batalhão da Polícia Militar, e ainda não há previsão de quando irá depor à Polícia Federal.

O ex-ministro de Jair Bolsonaro foi preso por omissão e conivência com os atos golpistas ocorridos em Brasília no último dia 8. Na decisão que autorizou a prisão preventiva, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), alegou que Torres deveria ter tomado medidas para prevenir os crimes.

A omissão do ex-ministro foi demonstrada com a ausência de policiamento, em especial do Comando de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal; e a autorização para mais de cem ônibus ingressarem livremente em Brasília sem qualquer acompanhamento policial, mesmo sendo fato notório que praticam atos violentos.

Alega-se, ainda, total inércia no encerramento do acampamento na frente do quartel-general do Exército, mesmo quando patente que o local "estava infestado de terroristas". Segundo Moraes, houve falta de preparação da Secretaria de Segurança Pública para prevenir os atos terroristas.

A decisão de Moraes foi referendada por 9 votos a 2, validando a prisão do ex-ministro. Durante buscas, Polícia Federal encontrou rascunho de decreto golpista na casa de Torres.

O texto buscava instaurar um estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que é uma medida inconstitucional. Se posta em vigor, a medida criaria uma comissão composta majoritariamente por militares e quebraria o sigilo de integrantes da Corte.