Operação global prende fundador de plataforma de criptomoedas Bitzlato
Fundador russo da plataforma sediada na China é suspeito de lavar milhões de dólares em atividades criminosas
Um fundador russo da plataforma de negociação de criptomoedas Bitzlato, sediada na China e suspeita de lavar milhões de dólares em atividades criminosas, foi preso nesta quarta-feira (18) nos Estados Unidos e cinco de seus supostos cúmplices foram detidos na Europa.
Anatoli Legkodimov, um cidadão russo de 40 anos e residente em Shenzhen, na China, foi preso esta manhã em Miami, no estado americano da Flórida, como parte de uma grande operação anunciada conjuntamente em Washington e Paris.
Algemado, Legkodimov foi levado perante um juiz federal durante o dia, que o informou sobre seu indiciamento por "atividade não autorizada de transmissão de dinheiro", uma acusação punível com cinco anos de prisão.
Durante esta breve audiência, que contou com a presença da esposa de Legkodimov, os promotores citaram um "risco de fuga" e pediram que ele continuasse preso, segundo um jornalista da AFP.
Outros cinco homens, de nacionalidades russa e ucraniana, foram detidos na Europa: três na Espanha, um em Portugal e um em Chipre, como parte da operação liderada pela polícia francesa.
Outro suspeito será interrogado e um último fugiu, segundo fonte próxima à investigação, aberta em setembro de 2022 pela justiça francesa.
Todos são suspeitos de participar da criação e desenvolvimento da Bitzlato, que permite "a rápida conversão de criptoativos como bitcoins, ethereum, litecoins, bitcoins cash, dashes, dogecoins e tether USD para rublos", disse a procuradora de Paris, Laure Beccau, em comunicado.
"Esta plataforma foi usada por bandidos para lavar seu dinheiro", afirmou à AFP Marc Boget, comandante da gendarmaria francesa do ciberespaço.
Os servidores da Bitzlato, localizados na França, foram desconectados.
O nome de domínio e os criptoativos, estimados em mais de US$ 17 milhões, também foram confiscados, segundo a polícia francesa, que estima o total de transações registradas na Blitzlato desde 2018 em mais de US$ 2 bilhões.
- "Pária" -
Esta operação global "é um golpe significativo no ecossistema do criptocrime" e "responde à crise de confiança nos mercados de criptomoedas", declarou a procuradora-geral adjunta dos EUA, Lisa Monaco, em entrevista coletiva.
"Se você está infringindo a lei na China ou na Europa, ou operando em nosso sistema financeiro de uma ilha nos trópicos, pode esperar que terá que responder por esses atos em um tribunal americano", acrescentou, citando a recente prisão do ex-chefe da plataforma de criptomoedas FTX, Sam Bankman-Fried, nas Bahamas.
De acordo com documentos judiciais, Legkodimov é o fundador e acionista majoritário da Bitzlato, registrada em Hong Kong, que se gabava de exigir identificação mínima dos usuários. Como consequência, a Bitzlato tornou-se "um paraíso para fundos criminosos", de acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
A empresa é acusada de ter realizado a maior parte de suas transações com o Hydra Market, principal plataforma de vendas da "dark web" global, até seu desmantelamento em abril, durante uma operação conjunta de autoridades alemãs e americanas.
Operando no idioma russo desde 2015, o Hydra Market vendia drogas, bem como documentos falsos ou malware na "dark web" (que inclui sites que preservam o anonimato de origem e destino ao transferir informações).
De acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, os usuários do Hydra Market trocaram mais de US$ 700 milhões em criptomoedas por meio da Bitzlato.
No entanto, de acordo com a denúncia, Legkodimov sabia que seus clientes estavam se escondendo sob identidades falsas para realizar atividades ilegais. Em mensagem interna, ele admitiu que eram "ladrões".
O Tesouro dos EUA também colocou a Bitzlato em uma lista de instituições com "risco de lavagem de dinheiro". "Isso de fato torna a Bitzlato um pária internacional", concluiu o secretário adjunto do Tesouro, Wally Adeyemo.