Lula critica Banco Central: "Por que o BC é independente e a inflação está do jeito que está?"
Este é o primeiro governo em que o presidente da República não indicou o chefe do Banco Central, que agora cumpre mandato até 2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a autonomia do Banco Central. Ele classificou como “uma bobagem” o sistema em que o chefe da autoridade monetária cumpre mandato – esse é o primeiro governo em que o presidente da república não indicou ninguém para o cargo. Lula questionou de que serve a independência se a inflação e taxa de juros estão elevadas.
Nesse país, se brigou muito para ter um Banco Central independente achando que ia melhorar o que? É uma bobagem achar que um presidente do Banco Central independente vai fazer mais do que vez um fez o Banco central quando o presidente (da República) é quem indicava. Eu duvido que esse presidente do Banco Central seja mais independente do que foi o (Henrique) Meirelles declarou em entrevista à GloboNews.
Em nenhum momento Lula mencionou o nome de Roberto Campos Neto, presidente do BC que estará à frente da autoridade monetária até o fim de 2024. Ele ainda alfinetou o trabalho do economista, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro:
Por que o banco é independente e a inflação está do jeito que está? E o juro está do jeito que está?
Nos últimos dois anos, o país não cumpriu a meta de inflação, e Campos Neto teve de escrever duas cartas aos ministros Paulo Guedes, em 2022, e Fernando Haddad neste ano justificando as razões que levaram o BC a falhar na missão de trazer a inflação para dentro do intervalo de tolerância.
Estabilidade fiscal
Lula demonstrou insatisfação em relação às cobranças sobre o que fará para garantir a estabilidade fiscal do país. O presidente voltou a afirmar que é preciso fazer a economia voltar a crescer e trabalhar a distribuição de renda.
Eu fico irrito, às vezes, quando com qualquer problema se se discute estabilidade fiscal. ninguém foi mais responsável do ponto de vista fiscal do que eu fui.
Lula disse que em relação à política fiscal, quer garantir à sociedade que o governo não gastará mais do que arrecada, mas se preocupa em mudar a narrativa sobre o que é gasto e o que é investimento.
A gente tem que dar garantia para sociedade brasileira de que a gente não vai gastar mais do que a gente ganha. Ao mesmo tempo, temos de mudar o discurso.(...) O dinheiro que você cuida das pessoas para melhorar a vida deles não pode ser tido como gasto. Gasto é o dinheiro jogado fora.
Ele disse, ainda, que o governo não quer ter uma sociedade de miseráveis, mas de classe média, para que as pessoas possam consumir. Uma das formas de alcançar isso é fazer uma reforma tributária, para que os mais ricos paguem mais imposto e as pessoas mais pobres, menos:
Por isso eu defendi durante a campanha e vou tentar colocar em prática na proposta de reforma tributária que até R$ 5 mil a pessoa não paga Imposto de Renda. Não é possível que a gente não faça
Novamente, o presidente falou sobre dar mais direitos aos trabalhadores de aplicativos em uma reunião que fará com dirigentes sindicais. Segundo Lula, a ideia é reformular o movimento sindical.
Vamos criar uma comissão com sindicalistas, com empresários e com governo para ver se a gente cria uma estrutura sindical em que as pessoas se sintam representadas e a gente possa garantir que as pessoas tenham direitos. Ou seja, porque esse trabalhador que trabalha em aplicativo, ele pensa que é microempreendedor, ele não é microempreendedor porque ele não tem nenhum programa de seguridade social. Quem tem de garantir isso é o estado brasileiro.