Rio de Janeiro

Anestesista preso por estupro era monitorado "100% do tempo", diz médico do hospital universitário

Um dos responsáveis pela supervisão de Andres Carrillo diz que o colombiano nunca ficou sozinho no Clementino Fraga Filho

Anestesista colombiano Andres Eduardo Onate Carrillo é preso - Reprodução

Um dos profissionais responsáveis pelo anestesista Andres Eduardo Oñate Carrillo no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), da UFRJ, Jorge Calasans, chefe do serviço de Anestesiologia da unidade, afirmou neste quarta-feira (18) que o médico colombiano era supervisionado “100% do tempo”.

Andres foi preso na segunda-feira (16) por estupro de vulnerável. Ele é suspeito de abusar sexualmente de ao menos duas pacientes, sendo uma delas dentro da unidade de saúde da faculdade — foi esta suspeita de crime que levou a Justiça a determinar a prisão de Carrillo. Calasans foi ouvido na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV).

— Ele era supervisionado 100% do tempo. Ele não ficou em momento nenhum sozinho. Agora, esse pessoal, em momentos furtivos, eles, que nem no outro caso que a gente já viu, que acaba maculando a profissão e a especialidade, são especialistas em fazer esse tipo de coisa. Agora a polícia está apurando da melhor forma possível. Nunca houve suspeita — afirma Jorge Calasans.

Em nota, a direção do hospital também nega que ele tenha atuado sem supervisão. Andres participou de um curso técnico-prático na instituição por três anos, entre fevereiro de 2018 e fevereiro de 2021.

Contra Andres Carrillo foram abertos três inquéritos: dois deles apuram a acusação de estupro de vulnerável em dois hospitais diferentes. Já o terceiro inquérito investiga a posse de material pornográfico infantil e a criação de um perfil fake, que seria usado pelo acusado para aliciar crianças e adolescente na intenção de obter vídeo de conteúdo pornográfico.

— Esse fato ainda vem sendo apurado e não tá concluído. Isso é mais um agravante, e ele pode responder por mais um crime. Para a investigação, é importante que ele permaneça atrás das grades até para dar segurança para vítimas comparecerem à delegacia. Ele pode fugir, já que tem nacionalidade colombiana. Pode sair do Brasil a qualquer momento — afirmou o delegado Luiz Henrique Marques, titular da DCAV.

A polícia investiga ainda se, no período das ocorrências, Andres Eduardo teria licença do Cremerj para atuar como anestesista. Uma médica que responde pelo setor de cirurgia do Hospital Estadual dos Lagos — Nossa Senhora de Nazareth também prestou depoimento nesta terça-feira.

Até o momento, a polícia encontrou nos arquivos de Andres vídeos gravados no momento de dois abusos. Uma das vítimas foi operada no Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, em dezembro de 2020. Segundo a Secretaria estadual de Saúde, o médico deixou de atuar na unidade em setembro de 2021. Em nota, o órgão informou que “já solicitou à direção da unidade hospitalar todos os dados e prontuários do período em que o médico trabalhou como prestador de serviço e vai instaurar uma sindicância para apurar as devidas responsabilidades”.