Atos terroristas

Ex-número 2 de Anderson diz em depoimento que não recebeu orientações sobre como agir no cargo

Oliveira afirmou ainda que Torres não o apresentou ao governador Ibaneis Rocha e nem aos comandantes das forças policiais

O secretário de operações integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Alfredo Carrijo, e o coordenador-geral de planejamento operacional, Fernando de Sousa Oliveira - Marcelo Camargo / Agência Brasil

Ex-número dois de Anderson Torres na Secretaria Público do Distrito Federal, Fernando de Sousa Oliveira afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que seu superior viajou aos Estados Unidos sem deixar uma "diretriz especifica" de como ele deveria agir no cargo, em meio à manifestação golpista que estava marcada para o dia 8 de janeiro.

Oliveira afirmou ainda que Torres não o apresentou ao governador Ibaneis Rocha e nem aos comandantes das forças policiais.

O depoimento foi feito à PF na quarta-feira (18), em Brasília. Ele relatou que, após ser convidado em dezembro por Torres para assumir o cargo de secretário-executivo, tomou posse no dia 3 janeiro e iniciou as atividades de fato no dia 4.

Segundo Oliveira, o secretário avisou no dia 5 que viajaria aos Estados Unidos, mas que antes deixaria pronto o planejamento de segurança para os atos, que já estavam previstos.

O Plano de Ações Integradas foi aprovado por Torres no dia 6 de janeiro, dois dias antes da manifestação. O documento estabelecia as funções que cada órgão deveria ter no protesto.

No depoimento, Oliveira afirmou que "não foi deixada nenhuma diretriz especifica" para ele e que ficou combinado apenas que ele seria "acionado em caso de necessidade". Além disso, ele relatou que Torres não o apresentou "aos comandantes das forças policiais do DF e nem ao governador do DF antes de viajar aos Estados Unidos".

O ex-secretário-executivo ainda ressaltou que Torres viajou antes do início oficial das suas férias, programadas para o dia 9, e que por isso ele ainda "era o titular da pasta até o dia 08/07/2023, dia da invasão da Praça dos Três Poderes".

Inteligência não captou tamanho dos atos
No depoimento, o ex-secretário-executivo afirmou que os relatórios de inteligência eram feitos principalmente por redes sociais e que não conseguiram captar a dimensão da manifestação golpista.

De acordo com ele, havia informações de uma "possível manifestação com ânimos exaltados mas que não havia confirmação concreta por parte da

inteligência sobre o tamanho e se a manifestação ocorreria e em quais proporções"

Oliveira também disse que havia "poucas informações sobre radicais sendo sua grande maioria advinda de rede social e não de acompanhamento in loco realizado por policiais de inteligência".