ARTES VISUAIS

Exposição 'Eu não enterrei meu umbigo aqui' leva ancestralidade e pertencimento à Galeria Marco Zero

Exibição fica na galeria até 08 de abril e engloba 60 obras divididas em três núcleos

Edgar Kanaykõ Xakriabá Uï kanã pataxi festa das águas - Divulgação

Com o objetivo de refletir sobre as reais e diferentes formas como aconteceram os fluxos migratórios do Brasil, a Galeria Marco Zero recebe a exposição ‘Eu não enterrei meu umbigo aqui’, sob a curadoria de Galciani Neves. Dividida em três núcleos conceituais. A estrutura da mostra segue primeiro a narrativa do ‘Exercício de permanência como resistência', depois a de ‘Migrar para insurgir' e, por fim, o ponto do ‘Desterro forçado'.

Com acesso gratuito, a mostra abre para visitação do público a partir da próxima quinta-feira (26) e fica em exibição até o dia 08 de abril. No dia 27 de janeiro, às 18h, acontece uma Roda de Conversa com os artistas Juraci Dórea e Marlene Costa de Almeida, quando a curadora atuará como mediadora. 

Para iniciar o trabalho de curadoria, Galciani Neves conta que sua pesquisa teve início ao buscar personagens cujas histórias de vida foram marcadas por migrações e travessias, muitas vezes a contragosto. Dos personagens mais conhecidos estão a primeira mulher presa política do Brasil, Bárbara de Alencar; a Maria de Déa, mais conhecida como ‘Maria Bonita’; e a Iracema, que virou personagem do filme teuto-brasileiro ‘Iracema - Uma Transa Amazônica’ (1974).

O título da exposição ‘Eu não enterrei meu umbigo aqui’ é uma referência a uma das falas de uma personagem do filme e significa a necessidade de deslocar-se para a sobrevivência. Com historiografia densa, a exposição mostra relatos artísticos reunidos em 60 obras sob o ponto de vista de 32 artistas brasileiros que fogem do ponto de vista do branco colonizador.

Segundo Neves, a tarefa de reescrever a História do Brasil, desse território tão diverso, de tantos povos e tantas culturas, só é possível se for reescrita de forma coletiva, com atenção às questões que envolvem atravessamentos pessoais e experiências dos próprios artistas.

“Quando se olha para a nossa história, é impossível ignorar perspectivas com problemáticas racistas, patriarcais e patrimonialistas. Reviver os fluxos migratórios pelo prisma da Arte, faz a gente revirar a nossa ancestralidade e repensar nosso pertencimento”, pontua Galciani.

 

De acordo com Marcelle Farias, sócia da Galeria Marco Zero, junto com Eduardo Suassuna, esta coletiva é uma oportunidade de o público enxergar as questões através do trabalho de artistas diversos.

“São olhares de diferentes históricos, procedências, gerações que, justapostos, trazem uma excelente reflexão para temas que são urgentes e necessários”, observa.

Na lista de artistas estão os nomes de Aislam Pankararu; André Vargas; Antonia Nayane; Bozó Bacamarte; Bruno Faria; Carmela Gross; Cícero Dias; Clara Moreira; Chico Albuquerque; Cristiano Lenhardt; Davi de Jesus do Nascimento; Edgar Kanaykõ Xakriabá; Elilson; Fernanda Porto; Fred Jordão; Guga Szabzon; Gustavo Caboco e Lucilene Wapichana; Ianah Maia; Janaina Wagner; Júlia Pontés; Juraci Dórea; Letícia Parente; Maria das Dores Cândido Monteiro; Maria do Socorro Cândido Monteiro; Maria Macedo; Marlene Costa de Almeida; Mestre Neguinha e Nanai; Rafael RG; Rubiane Maia; Tiago Sant'anna ; Tereza Costa Rêgo e Vitor Cesar.

Serviço:
Exposição ‘Eu não enterrei meu umbigo aqui’
Onde: Galeria Marco Zero – Avenida Domingos Ferreira, nº 3393, Boa Viagem
Quando: Abertura na quinta-feira (26) às 19h. E Visitação até 08/04. Segunda à sexta das 10h às19h e sábado e domingo das 10h às 17h
Acesso gratuito