Milhares de manifestantes pedem em Lima renúncia da presidente do Peru
Em Arequipa, segunda maior cidade do país, foi registrada uma batalha campal entre as forças de ordem e mil manifestantes
Uma grande manifestação com a participação majoritária de pessoas procedentes dos Andes teve início nesta quinta-feira (19), em Lima, exigindo a renúncia da presidente Dina Boluarte. Autoridades organizaram uma operação de segurança em massa na capital peruana para evitar distúrbios e vandalismo.
Em Arequipa, segunda maior cidade do país, foi registrada uma batalha campal entre as forças de ordem e mil manifestantes que tentam invadir o aeroporto, que foram repelidos com gás lacrimogêneo, segundo TVs locais.
Colunas de manifestantes que devem marchar por horas pelas principais avenidas da cidade antes de se dirigirem, no fim do dia, para o Palácio da Justiça, saíram de diversos pontos de Lima, onde a polícia mobilizou "11.800 efetivos nas ruas para controlar os distúrbios, além de veículos militares e da participação das Forças Armadas", informou o chefe da Região Policial Lima, general Víctor Zanabría.
Nesta quinta-feira, foi anunciada a morte de um segundo manifestante que, horas antes, levou um tiro no tórax quando protestava em Macusani, região de Puno, informou a Defensoria do Povo à AFP.
Uma mulher já havia morrido na véspera baleada nos protestos de Macusani, onde uma multidão incendiou uma delegacia e uma sede do Poder Judicial. Essa morte eleva para 44 o número de óbitos desde o início da crise, em 7 de dezembro.
Nas regiões de Puno, Huánuco e Tacna, centenas de camponeses foram às ruas. O aeroporto de Arequipa suspendeu suas operações por motivos de segurança. O serviço ferroviário entre Cusco e a cidadela inca Machu Picchu, joia do turismo peruano, também foi suspenso, indicou a operadora.
- 'Tomar Lima' -
Os manifestantes exigem a renúncia da presidente Dina Boluarte e a convocação de novas eleições no Peru.
"Em Lima, a luta terá mais peso. Quando nos reprimem nas nossas regiões, ninguém fala nada", disse Abdon Félix Flores, de 30 anos, camponês que se diz pronto "para dar a vida". Ele deixou Andahuaylas no domingo, epicentro das manifestações de dezembro, para chegar a Lima na terça-feira.
O secretário-geral da Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP), cuja organização está por trás da passeata, previu um esforço de longa duração até demissão da presidente.
"As marchas vão continuar. Todas as regiões do país disseram que não voltarão a seus lugares de origem enquanto Dina Boluarte não renunciar", declarou à AFP Gerónimo López, líder sindical que convocou a greve.
Embora o governo tenha decretado estado de emergência por 30 dias no domingo em Lima, Cuzco, Callao e Puno, López disse que os organizadores não solicitaram autorização para a manifestação.
"Não há autorização da polícia. Nunca se pede autorização para uma manifestação social, não é uma obrigação que nos autorizem", afirmou, apesar de o estado de emergência suspender as liberdades de reunião e de circulação, além de permitir a intervenção do Exército para manter a ordem.
O Peru vive intensos protestos desde que o presidente esquerdista Pedro Castillo foi deposto pelo Congresso e preso em 7 de dezembro, após uma tentativa fracassada de autogolpe de Estado, quando tentou fechar o Parlamento, governar por decretos e convocar uma Assembleia Constituinte.