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Gil do Vigor conta o que pretende fazer para o Sport ser um clube mais inclusivo; veja detalhes

Em entrevista à Folha de Pernambuco, ex-BBB declarou que tem projetos alinhados junto à diretoria

Gil do Vigor é o novo Diretor de Diversidade do Sport - Anderson Stevens/Sport Club do Recife

Há um mês, o Sport anunciava Gilberto Nogueira, popularmente conhecido como Gil do Vigor, como Diretor de Diversidade do clube. Ele que viveu um episódio traumático em 2021, após conhecer a Ilha do Retiro - ocasião em que foi alvo de falas homofóbicas proferidas por um conselheiro -, foi convidado no ano passado pelo presidente Yuri Romão para fazer do Rubro-negro um clube mais inclusivo. Em entrevista à Folha de Pernambuco, o ex-BBB confessou que quase negou o convite, mas aceitou graças ao amor pelo Leão da Praça da Bandeira. 

"O Sport sempre foi o meu time do coração. Fiquei muito animado e grato pela oportunidade, mas ao mesmo tempo tive um enorme receio de que as pessoas me ligassem novamente àquele caso de homofobia de 2021. Eu não queria que me vissem apenas como uma vítima, mas sim como alguém que ama o time e que está disposto a usar sua vivência para trazer ideias que ajudem a torcida e o clube", começou. 

“Esse foi um episódio muito traumático na minha vida e o medo de reviver essas marcas quase me fez recusar uma proposta tão única quanto essa. Mas depois de conversar muito com a equipe, entendi que as nossas ideias estavam alinhadas e que eles tinham o mesmo desejo que eu", prosseguiu. 

De acordo com o economista, alguns projetos já estão alinhados com a diretoria. Entre eles, está o 'Ilha Plural', que busca implantar a representatividade dentro do Sport. "Há muito tempo já vínhamos rascunhando alguns projetos a favor da inclusão, como o Ilha Plural, que será uma forma de promover a representatividade no clube. Estamos pensando também em trazer torcidas LGBTQIAP+ para os estádios. Sabemos que a mudança é gradual, mas confio no potencial dos projetos e no que estamos construindo", salientou reforçando que muitas pessoas deixam de frequentar arenas e estádios com medo de repressão devido à orientação sexual. 

“É triste encontrar pessoas que amam futebol, por exemplo, sem poder frequentar estádios, por conta da constante violência que acontece nesses lugares - às vezes de forma física, e outras, verbal. Espero conseguir utilizar minha vivência em prol de outras pessoas, para que ninguém mais precise passar pelo o que eu passei, tal como me colocar no lugar do próximo, que sofre com outros tipos de preconceito, para entender como eu também posso lutar pela sua segurança e dignidade dentro e fora dos estádios”, enfatizou.

Com uma agenda lotada e morando nos Estados Unidos, onde faz PhD, Gil vai exercer sua função de forma remota. Contudo, apesar da distância, garante que não vai faltar empenho na luta contra o preconceito. 

“Mudar o pensamento de uma sociedade é um processo muito árduo e gradual, mas sabemos que precisamos começar a partir de algo. Acredito que o futebol pode desenvolver um papel muito importante nisso. Sua enorme popularidade faz com que ele seja capaz de amplificar a luta de diversas causas importantes. Então acredito, sim, que ele possa ser uma ponte para promover grandes mudanças ao redor do mundo. Mas isso é algo que precisa ser mudado de dentro para fora. Então o futebol precisa primeiro se comprometer com o respeito à diversidade dentro dos estádios", reforçou.

Em sua função no clube pernambucano, Gil estará à frente da luta contra a LGBTfobia. No entanto, vai buscar contribuir também no que diz respeito a outros tipos de preconceitos. "A diretoria tem outros braços focados em outras questões de diversidade, como a das mulheres e dos PCDs, por exemplo, em que eu também estarei incluído para ouvir e aprender mais sobre essas causas que também são extremamente importantes. Estamos muito empenhados para que a Ilha seja, absolutamente, de todos, independente de gênero, sexualidade, cor ou crenças", garantiu.