Processo judicial

Investidores do IRB entram na Justiça contra a PwC por prejuízos de R$ 95 milhões

Pelo menos 193 pessoas dizem que auditoria deu confiabilidade às ações da empresa, que teve que refazer balanços de dois anos por fraudes contábeis

Sede do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) - Wikimedia Commons

Um grupo de 193 investidores do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), com ações na B3 desde 2017, ingressou na Justiça com um processo contra a PwC, que auditava os balanços da empresa antes da descoberta de fraudes contábeis, por perdas em seus investimentos.

Eles alegam que a PwC os induziu ao erro por dar confiabilidade às informações financeiras da companhia. A PwC vinha aprovando os dados da resseguradora sem ressalvas. O cálculo inicial dos prejuízos, segundo o Instituto Empresa, que auxilia os investidores, é de R$ 95 milhões.

"O valor pedido, contudo, está em aberto porque demanda análise econométrica e depende da análise do prejuízo de cada uma das partes. Antes, contudo, se espera que o juízo se manifeste sobre o próprio dever de indenizar", diz o Instituto em nota, lembrando que já havia notificado a PwC sobre o caso em abril de 2022 e o processo ingressou na semana passada.

A PwC é a mesma auditoria que fiscalizava os balanços da Americanas, que anunciou a descoberta de inconsistências contábeis bilionárias em seus balanços no dia 11 de janeiro e, no dia 19 passado, entrou com pedido de recuperação judicial.

“Falhas de auditorias ensejam indenizações a investidores. É exemplo o caso do Banco do Nordeste, onde a PwC foi condenada por falha de seus serviços, na ordem de R$ 25 milhões”, relembra o Instituto Empresa, que também deverá representar investidores que se sentiram prejudicados no caso da Americanas.

O Instituto Empresa, uma associação de investidores que atua na defesa da Governança Corporativa, lembra que em novembro de 2019 a Squadra Investimentos, uma gestora de recursos do Rio de Janeiro, enviou ao IRB uma série de questionamentos sobre a sua contabilidade.

Em uma carta divulgada pela Squadra, no início de 2020, a gestora informou que havia "uma grande disparidade entre o preço e o valor nas ações da IRB Brasil e que encontrou indícios que apontam lucros normalizados (recorrentes) significativamente inferiores aos lucros contábeis reportados nas demonstrações financeiras da companhia.”

A carta fez a ação da companhia cair 15% em um dia. Num segundo comunicado, a gestora voltou a ressaltar a existência de “ganhos extraordinários” classificados como recorrentes.

Inicialmente, o IRB negou erros nas demonstrações financeiras. Alegou, inclusive, que o bilionário investidor americano, Warren Buffett, havia triplicado a fatia que detinha da IRB Brasil. Mas, em nota, a empresa de Buffett desmentiu a informação e afirmou que não era acionista do IRB.

Em junho de 2020, foram descobertas fraudes contábeis e os balanços de 2019 e 2018 tiveram que ser republicados com uma redução de lucro de mais de R$ 600 milhões. Naquele período, as ações da empresa se desvalorizaram 97%, caindo de R$ 44 para R$ 1. Hoje, vale R$ 1,03.

Procurada, a PwC ainda não se posicionou sobre o caso.