Haddad afirma que vai estudar mecanismos para ampliar comércio entre Brasil e Argentina
Na Argentina, ministro da Fazenda afirma que é preciso avançar em formas de ampliar comércio entre dois países e diz que discussão não se trata sobre moeda única
Em encontro com empresários brasileiros e argentinos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que recebeu a tarefa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avançar em instrumentos que ajudem a ampliar o comércio entre os dois países. Haddad frisou que o que está em discussão não é uma moeda única, ideia que era defendida pelo ex-ministro da Economia, Paulo Guedes.
— Nós recebemos dos nossos presidentes uma incumbência, não adotar, e deixo isso muito claro, uma ideia que era do governo anterior, que não foi levada a cabo, da moeda única. O meu antecessor, o Paulo Guedes, defendia muito uma moeda única entre Brasil e Argentina. Não é disso que estamos falando. Não se trata da ideia do ministro Paulo Guedes de uma moeda única, se trata de nós avançarmos nos instrumentos previstos e que não funcionaram a contento — afirmou Haddad em Buenos Aires.
Durante sua primeira viagem internacional, Lula tem repetido durante seus falas na Argentina que o volume de negócios entre os dois países despencou durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
— Em 2003, o comércio bilateral dos dois países, o fluxo, de exportação e importação, era de 7 bilhões de dólares. Quando deixei a presidência era 39 bilhões de dólares. Hoje estamos na metade do que exportávamos há 20 anos atrás. O que aconteceu? O Brasil esqueceu a dimensão de responsabilidade que ele tinha no continente sul-americano — afirmou Lula a empresários argentinos e brasileiros.
No memorando de entendimento assinado entre os ministérios da fazenda dos dois países, para a integração econômica e financeira, o texto não cita o termo moeda comum, mas fala em "expandir o uso de moedas locais, com a intensificação das negociações entre os bancos centrais e outros órgãos responsáveis por aperfeiçoar o Sistema de Pagamento de Moedas Locais (SML) e ampliar seu uso e escopo, com vistas a um comércio sem obstáculos e com a inclusão do comércio de serviços".
Haddad afirmou aos empresários que é preciso avançar no comércio dos dois países, mas reconheceu que "ponto de partida" é desafiador:
— Como disse, meu colega, Sergio Massa (ministro da Economia da Argentina), caiu 40% o comércio entre os nossos dois países e não foi por razões competitivas, o comércio caiu por uma situação que não foi enfrentada: estabelecer um tipo de parceria dada a conjuntura que permita a Argentina voltar a comprar, o Brasil voltar a comprar e reestabelecer, se não, o patamar recorde, do nosso comércio exterior, pelo menos, recuperar uma parte desse tempo e desses recursos ao longo dos últimos 10 anos. Temos que ser engenhosos e estabelecer uma relação que possa servir de modelo para relação do Brasil e Argentina com outros países da América do Sul. Obviamente o ponto de partida é desafiador.