Mercosul

Sur: entenda as diferenças entre o projeto de moeda comum sul-americana e o euro

A principal diferença entre o sur e o euro está no tipo de moeda que cada um deles representa

Bandeiras do Brasil e Mercosul - Marcos Oliveira/Agência Senado

A primeira visita internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), desde que tomou posse em 1º de janeiro, foi marcada por um tema econômico: a criação de uma moeda comum sul-americana, que o governo brasileiro propõe batizar de "sur".

Em sua ida à Argentina, nesta segunda-feira (23), o petista se encontrou com o presidente argentino, Alberto Fernández, para tratar, dentre outras agendas, sobre a proposta financeira. Desde então, muitas comparações com o euro foram feitas. Entenda as diferenças entre eles abaixo.

Moeda única X moeda comum
A principal diferença entre o sur e o euro está no tipo de moeda que cada um deles representa. No projeto entre Brasil e Argentina, trata-se de uma moeda comum. Isto é, um mesmo valor a ser praticado por diferentes países para importação e exportação, em paralelo ao dinheiro nacional já usado tradicionalmente.

Assim, o real e o peso continuarão existindo, e sendo utilizados como hoje em dia. O sur, portanto, não se enquadrará como moeda oficial dos territórios que o aderirem nem levará outras moedas à extinção.

O euro, por sua vez, é uma moeda única. A maioria dos países que integram o bloco geopolítico da União Europeia (UE) operam a mesma moeda. Nestes locais, essa unidade monetária é usado como a moeda oficial dos governos. Dessa forma, todos eles estão sujeitos a uma mesma taxa de juros e inflação, por exemplo.

Finalidade
A intenção do sur é que ele sirva como um fomento para o comércio na América do Sul e diminua a dependência das nações ao dólar, usado como base de preço nas transações. Dessa maneira, seria possível baratear as negociações, já que não precisariam seria preciso converter os valores à cotação americana.

Na prática, esse manejo ficaria restrito aos fluxos financeiros, e cidadãos comuns ou turistas não teriam acesso à moeda. Enquanto isso, o euro é usado tanto pelas autoridades financeiras como pela população em operações do dia a dia, compras de mercado e pagamento de ingressos.

Abrangência de países
Segundo o ministro da Economia argentino Sergio Massa, em entrevista ao jornal inglês Financial Times, outros países da região — além de Brasil e Argentina — poderão ser convidados a fazer uso da moeda, caso o projeto vingue.

O veículo estima que uma união monetária que cubra toda a América Latina, por exemplo, represente cerca de 5% do PIB global. A zona do euro, que conta com 20 dos 27 países da UE, abrange 14% da economia mundial.