"Faraó dos Bitcoins" é transferido para presídio federal em Catanduvas, no Paraná
Esquema de segurança nesta quarta-feira está reforçado com policiais federais e penais para a saída de Glaidson Acácio do presídio Bangu 1, no Rio
O ex-garçom e presidente da GAS Consultoria e Tecnologia, Glaidson Acácio dos Santos, é transferido na manhã desta quarta-feira (25) para a Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná.
O pedido foi feito pelo juiz da 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Marcello Rubioli, há cerca de um mês, e deferida pelo juiz federal corregedor do Paraná, Paulo Sérgio Ribeiro.
Por volta das 7h30, o preso deixou Bangu 1, acompanhado de uma forte escolta. Ele passou pelo Instituto Médico-Legal para exame de corpo de delito antes de embarcar. Glaidson está alguns quilos mais magro. Conhecido como "Faraó do Bitcoins", ele é apontado pelo Ministério Público do Rio como chefe de uma "tropa" armada para monitorar e até matar concorrentes no mercado das criptomoedas.
Foi montado um super esquema para a segurança de Glaidson. Além dos policiais federais, policiais penais do Serviço de Operações Especiais (SOE) e da Divisão de Recapturas (Recap) da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) o acompanham da Penitenciária Laércio da Costa Pellegrino, conhecida como Bangu 1, no Complexo Penitenciário de Gericinó, onde o ex-garçom estava preso, até o avião que o levará para o Paraná.
Ao fundamentar o pedido de transferência do "Faraó dos Bitcoins", Rubioli argumentou que Glaidson comandava organização criminosa mesmo preso: "Indiscutível que causa sobremaneira vulnerabilidade não só ao sistema carcerário como à ordem pública a presença do acusado, mormente porque boa parte dos seus sicários se encontram foragidos, entretanto, visitando-o.
Além disso é comprovada a tentativa de fornecimento de aparelhos celulares ao mesmo com certeza para que continue a gerenciar a operação não só de fraude ao sistema financeiro nacional como de homicídios e opressões".
Contratação de pistoleiros
No dia 9 de dezembro do ano passado, o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ) desencadeou a operação Novo Egito, que apontou o envolvimento de Glaidson numa organização criminosa com o fim de "assassinar concorrentes". De acordo com o Gaeco, o "Faraó dos Bitcoins" destinava parte dos recursos obtidos com o golpe da pirâmide financeira, disfarçada de investimentos em bitcoins, para custear aluguel de carros, compra de armas, pagamento de seguranças e contratação de detetives e pistoleiros para garantir a soberania no mercado de pirâmides na Região dos Lagos.
As investigações demonstraram que seis das empresas de fachada criadas por Glaidson foram utilizadas para garantir o fluxo financeiro entre o negócio do "Faraó", liderado pela GAS Consultoria e Tecnologia, e o “setor de inteligência”. O Gaeco também descobriu que outras duas firmas, a Central Pescados e Alimentos Mourão e a Alfabank Consultoria e Investimentos, serviam para o dinheiro chegar aos executores dos crimes.
A quebra do sigilo telefônico do Faraó revelou que ele recorria a esse “setor de inteligência” para emitir a seus subordinados ordens diretas sobre quais concorrentes deveriam ser “zerados/eliminados”. Em mensagens trocadas com um dos seus comparsas, Ricardo Rodrigues Gomes, o Piloto, Glaidson — utilizando o nome “Souza Santos” — pede ajuda para criar “uma equipe de dez cabeças para fazer uma limpeza em Cabo Frio”.
Glaidson está preso desde agosto de 2021. Alvo central da Operação Krytpos, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF), ele é acusado de montar uma pirâmide financeira disfarçada de investimento em bitcoins. A Operação Novo Egito é um desdobramento da Kryptos. Atualmente ele está em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), em Bangu 1.