Alemanha autoriza entrega de tanques Leopard para Ucrânia
Anúncio foi feito pelo porta-voz do governo alemão, Seffen Hebestreit
Sob pressão de seus parceiros, a Alemanha autorizou nesta quarta-feira (25) o envio de tanques de guerra Leopard para a Ucrânia, que os reivindicava insistentemente para se defender melhor contra a invasão russa.
De acordo com o porta-voz do governo alemão Seffen Hebestreit, a Alemanha entregará 14 tanques Leopard 2A6 à Ucrânia e permitirá aos países europeus, que assim desejarem, fornecer a Kiev os veículos blindados em seu poder.
O objetivo é reunir, rapidamente, dois batalhões de tanques Leopard 2 para a Ucrânia, disse o porta-voz alemão.
Pouco antes do anúncio da decisão, o Kremlin alertou que esses tanques "queimarão, assim como todos os outros".
A Ucrânia elogiou, por sua vez, este "primeiro passo" de Berlim.
O treinamento das forças ucranianas no uso desses tanques "começará em breve na Alemanha", acrescentou Hebestreit.
O pacote acordado após intensas negociações com os aliados da Ucrânia inclui apoio logístico, munição e manutenção desses tanques de combate.
Esta decisão está de acordo com nossa linha, que consiste em apoiar a Ucrânia com todas as nossas capacidades. Agimos de maneira estreitamente coordenada e concertada em nível internacional, disse o chanceler alemão, Olaf Scholz, em um comunicado.
"Os tanques queimarão"
O Leopard é um tanque pesado que, segundo especialistas, poderia romper as linhas russas no leste da Ucrânia, 11 meses após a invasão.
Esses tanques estão espalhados pela Europa, mas, para serem enviados para Kiev, precisavam da autorização da Alemanha. Nos últimos dias, o governo alemão sofreu uma tremenda pressão de seus parceiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
"Temos que dar à Ucrânia sistemas mais pesados e avançados e temos que fazer isso mais rápido", disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, após se encontrar com o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, em Berlim na terça-feira (24).
Em Moscou, o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, alertou nesta quarta-feira que o Ocidente "superestima o potencial que (os tanques) podem dar ao Exército ucraniano".
Esses tanques queimarão, como todos os outros. São muito caros, frisou.
Do lado ocidental, as primeiras reações pela decisão de Berlim não demoraram a chegar.
O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, que pressionou muito o governo alemão nos últimos dias, agradeceu a Berlim. "É um grande passo para parar a Rússia. Juntos somos mais fortes", disse ele.
Os Leopard "fortalecerão o poder de fogo defensivo da Ucrânia" e são "a decisão certa", disse o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, cujo país anunciou recentemente o envio de 14 tanques pesados Challenger 2 para a Ucrânia.
A França disse que acolheu a decisão alemã. O governo do presidente Emmanuel Macron ainda não decidiu se enviará seus próprios tanques Leclerc para a Ucrânia.
Segundo analistas, as hesitações da Alemanha se deviam ao temor de uma escalada militar com a Rússia. A questão gerou tensões dentro do governo de coalizão, entre o Partido Social-Democrata de Scholz, os Verdes e os Liberais.
Segundo The Wall Street Journal, que cita autoridades americanas, os Estados Unidos estão considerando enviar seus tanques de assalto Abrams M1, o que até agora se recusavam a fazer, alegando dificuldades de manutenção e treinamento.
O embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoli Antonov, garantiu que, se Washington entregar tanques à Ucrânia, vai mostrar quem é "o verdadeiro agressor no conflito atual".
Ucrânia confirma retirada de Soledar
No terreno, o Exército ucraniano admitiu nesta quarta-feira ter-se retirado da cidade de Soledar, que foi deixada nas mãos dos russos.
"Depois de meses de combates difíceis (...) as forças armadas ucranianas deixaram" Soledar para "recuar para posições preparadas" com antecedência, disse à AFP o porta-voz militar para a zona leste, Serguii Cherevati.
As forças russas anunciaram a tomada desta pequena cidade no leste da Ucrânia há duas semanas.
Soledar fica perto de Bakhmut, cidade que os russos tentam tomar há meses, cujo interesse estratégico é questionado por especialistas.
As tropas russas afirmaram nesta quarta-feira terem avançado sobre Bakhmut.
"Há combates agora em áreas na periferia e em bairros que estiveram recentemente nas mãos do inimigo", afirmou ochefe da ocupação russa da região de Donetsk, Denis Pushilin, segundo as agências de notícias russas.