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Mais da metade das obras destruídas por golpistas no Congresso já foi recuperada

Restauradores se empenham para entregar peças destruídas por extremistas antes da volta aos trabalhos, no dia 1º; no STF, prioridade é o plenário

Mais da metade das obras destruídas por golpistas no Congresso já foi recuperada - Carl de Souza / AFP

A uma semana do retorno dos trabalhos no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso Nacional, funcionários realizam um trabalho minucioso para, na medida do possível, recuperar a maior parte do acervo vandalizado nos atos golpistas de 8 de janeiro. Obras de arte, presentes e móveis sofreram danos considerados graves durante a invasão, mas a expectativa dos restauradores é de que boa parte volte à exposição quando os novos congressistas tomarem posse e os ministros do STF retornarem ao plenário no próximo dia 1º. Alguns objetos, entretanto, foram perdidos para sempre, como uma peça de ouro e pérola, presente do ministro das Relações Exteriores do Catar.

Os desafios são grandes. Nesta terça-feira (24), O GLOBO esteve no laboratório onde 15 servidores do Congresso realizam o trabalho de restauração de peças e quadros vandalizados; espaço em que, literalmente, juntam os cacos de obras destruídas sem piedade pelos invasores. Ao todo, 65% do total dos itens afetados já foram restaurados.

Processo de recuperação
No Palácio do Planalto, por exemplo, um dos símbolos da destruição deixada pelos invasores, o relógio de Balthazar Martinot, dado a Dom João VI pela Corte Francesa, deve aguardar técnicos suíços para sua reconstrução, segundo o diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho.

Objetos estilhaçados pelos golpistas tiveram seus restos reunidos em bandejas no laboratório. Alguns deles, cuja restauração é mais complicada, como um ovo de avestruz adornado, presente de um parlamentar do Sudão, ainda estão no início do processo de recuperação. Também estão nesse rol uma porcelana húngara e um vaso chinês.

A expectativa do grupo de restauração é que uma das principais áreas de visitação no Congresso, o painel planejado por Athos Bulcão, esteja restaurado a tempo da posse. Para chegar à cor exata usada pelo artista, restauradores entraram em contato com a fundação que leva o seu nome: foram testadas mais de cinco tons em uma paleta.

Marcas da destruição
No STF, o prédio mais danificado na Praça dos Três Poderes, o Laboratório de Restauro da Corte definiu um cronograma de prioridades, começando pelo plenário, além de quadros e fotografias. Outro foco é o Brasão da República, que ficava pendurado na Corte.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, planeja criar um memorial sobre os ataques. Restauradores defendem que obras com danos mais graves sofram a chamada “restauração arqueológica”, em que as marcas da destruição permanecem nas peças.

De acordo com o diretor do Museu da Câmara, Marcelo Sá, a instituição deve manter o acesso às obras de arte:

É um patrimônio e continuará sendo exposto.