Supremo Federal

Com força-tarefa de restauração, STF se prepara para reabrir plenário 1º de fevereiro

Boa parte do acervo foi destruída, mas também já passam pelo processo de reconstrução

Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto - Marcelo Camargo/Agência Brasil

A uma semana do início do ano judiciário, o Supremo Tribunal Federal (STF) começa a voltar à normalidade depois dos ataques terroristas de 8 de Janeiro. O plenário — local mais destruído da Corte — já está com peças simbólicas recolocadas, como o painel de mármore de Athos Bulcão e o Brasão da República. Mas, ao mesmo tempo, uma força-tarefa trabalha em ritmo intenso para concluir a reabertura do prédio até 1º de fevereiro.

Funcionários de limpeza, equipes terceirizadas e um grupo de arquitetos, marceneiros, vidraceiros e restauradores se revezam para recolocar de pé o que foi danificado pelos vândalos.

No dia 8 de janeiro, os manifestantes picharam com batom a frase "Perdeu, mané" na escultura “A Justiça”, de Alfredo Ceschiatti, que fica diante do prédio e Themis, deusa grega da Justiça, com seus olhos vendados, simbolizando o tratamento igualitário dado a todas as pessoas.

A frase era uma referência à declaração do ministro Luís Roberto Barroso a um bolsonarista que o hostilizou em Nova York. Nesta quarta-feira, a estátua passou por mais uma lavagem pela equipe de limpeza do STF.

Como resultado da invasão do prédio do Supremo, os carpetes, as cadeiras, as mesas dos ministros, os computadores, televisores e câmeras de segurança ficaram destruídos, sujos e quebrados. O quebra-quebra também se alastrou por áreas contíguas à sala onde ocorrem os julgamentos: pelo salão branco, onde havia uma galeria de fotos dos ministros, e pelo hall dos bustos, local reservado às esculturas de ministros aposentados e juristas homenageados.

Boa parte deste acervo foi destruída, mas também já passam pelo processo de reconstrução.

No plenário, até o momento, além do icônico painel do artista plástico Athos Bulcão e do brasão da República, o crucifixo que compõe o ambiente, já foi restaurado e deve voltar ao seu lugar de origem nos próximos dias.

O local também já passou pela troca dos vidros, sanitização dos carpetes, restauração das cadeiras de couro dos ministros, das poltronas reservadas ao público, e as bancadas dos magistrados foram refeitas pela marcenaria do próprio STF. Alambrados de madeira que compõem o teto do plenário, conferindo ao ambiente uma acústica adequada, também estão sendo restaurados e polidos.

Atualmente, uma equipe de sete restauradores trabalha no projeto, chefiando outros seis restauradores juniores. Todo o trabalho pode ser acompanhado de longe através da praça dos Três Poderes, que deixa à mostra o canteiro de obras que a sede do Supremo, toda de vidro e mármore, se transformou desde os atentados. Em meio aos trabalhadores implicados nas obras, membros da equipe de segurança da Corte, da polícia judicial, completam a paisagem.

Para a recuperação do patrimônio, todas as contratações foram feitas em caráter emergencial, sem licitação, incluindo a compra de novas togas para os onze ministros, no valor de R$ 17 mil. As vestimentas usadas pelos magistrados nas sessões de julgamento e nas solenidades, que estavam guardadas em armários localizados ao lado do plenário, foram queimadas pelos invasores.

Desde a data do atentado, um gabinete extraordinário para a reconstrução da sede se reúne diariamente para acompanhar o andamento das obras. Um levantamento feito pela equipe do museu do Supremo a que o Globo teve acesso, com data de 15 de janeiro, dá conta de 35 peças consideradas na condição de "perda total", ou seja, estavam com 50% ou mais de dano.

Depois de concluído o resgate do plenário e do andar térreo, a restauração do Supremo passará por outras duas etapas. A próxima contempla o Salão Nobre – local em que os ministros recebem chefes de Estado estrangeiros – a Diretoria-Geral e o gabinete da Presidência, que também foi bastante danificado. Bandeiras foram queimadas e até a cadeira usada pela presidente foi destruída. Por enquanto, a ministra Rosa Weber está despachando em um gabinete do edifício anexo à sede do STF.

No dia 1, além da reabertura do plenário, a ideia é que a solenidade de reabertura do Judiciário seja um ato em desagravo ao STF, com a presença dos chefes de outros poderes. A expectativa é que Rosa, cujo discurso de posse, em setembro, fez uma defesa firme da democracia e das instituições, volte à carga no tema.