Nova onda de ataques aéreos russos na Ucrânia deixa pelo menos 11 mortos
Um balanço anterior mencionava um morto e dois feridos na capital
A Rússia lançou um novo ataque aéreo maciço na Ucrânia nesta quinta-feira (26) que matou pelo menos 11 pessoas e provocou cortes de energia, um dia depois de os aliados ocidentais de Kiev terem concordado com o envio de tanques pesados para resistir às tropas de Moscou.
O Kremlin afirmou que esta entrega de equipamento pesado significou o "envolvimento direto" das potências ocidentais no conflito e intensificou sua ofensiva em várias áreas da região de Donetsk, no leste da Ucrânia.
"Onze pessoas ficaram feridas e, infelizmente, outras 11 morreram", disse o porta-voz Oleksander Jorunejy à televisão ucraniana, observando que os danos mais significativos ocorreram na região de Kiev.
Um balanço anterior mencionava um morto e dois feridos na capital.
De acordo com o chefe das Forças Armadas ucranianas, general Valery Zaluzhny, a Rússia disparou 55 mísseis nesta quinta-feira (26), dos quais "47 foram destruídos, 20 deles", nas imediações de Kiev.
Além disso, 24 drones Shahed de fabricação iraniana foram abatidos durante a noite, segundo as forças ucranianas.
Kiev e outras regiões prosseguiram com cortes de energia de "emergência" para "evitar grandes danos à infraestrutura de energia", informou a operadora de energia privada DTEK.
A Rússia está tentando causar "um colapso sistêmico" na rede nacional, disse o ministro da Energia, German Galushchenko.
"A situação ainda está sob controle", disse o primeiro-ministro Denys Shmygal.
Na região de Odessa (sudoeste), a energia foi restabelecida após o meio-dia em hospitais e “outras infraestruturas essenciais”, anunciou a DTEK.
O bombardeio perto dessa cidade ocorreu pouco antes da chegada da ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, para se encontrar com seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba.
"Envolvimento direto"
Depois de vários reveses militares em meados do ano passado, o Kremlin mudou de estratégia e, em outubro, começou a atacar transformadores e usinas de energia da Ucrânia.
Desde então, os apagões se multiplicaram, deixando milhões de civis ucranianos sem água potável, ou aquecimento, no auge do inverno.
Este novo ataque ocorre um dia depois de Estados Unidos e Alemanha terem autorizado o envio de dezenas de veículos pesados de combate para a Ucrânia, uma decisão inédita nos 11 meses de guerra.
A Alemanha planeja entregar tanques Leopard 2 "no final de março, início de abril", anunciou seu ministro da Defesa, Boris Pistorius, nesta quinta-feira.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse que a chegada de tanques pesados será "um passo importante no caminho para a vitória". Mas "a chave agora é velocidade e volume" na entrega dos tanques, disse Zelensky na noite de quarta-feira.
O presidente também pediu aviões de combate e mísseis de longo alcance, armas que os países ocidentais não estão dispostos a entregar, temendo que isso provoque uma escalada militar em caso de incursões em território russo.
Para o Kremlin, no entanto, a entrega dos tanques pesados já constitui um “envolvimento direto” dos países ocidentais na guerra, disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov.
Já a diplomacia francesa considerou que "o fornecimento de equipamento militar" faz parte do "exercício de defesa legítima" da Ucrânia e não torna beligerantes aqueles que o praticam.
"Não estamos em guerra com a Rússia, assim como nenhum dos nossos parceiros", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da França, Anne-Claire Legendre.
"Bucha de canhão"
Superiores em número de soldados e em material, as tropas russas "intensificam" os combates no leste do território, disse o vice-ministro ucraniano da Defesa, Ganna Maliar, na quarta-feira.
Moscou tenta conquistar Bakhmut há vários meses e, recentemente, intensificou o cerco a Vuhledar, uma cidade a sudoeste de Donetsk.
Nessa quarta (25), as forças ucranianas admitiram que haviam se retirado de Soledar, a nordeste de Bakhmut, agora em mãos russas.
Segundo um sargento ucraniano, cujo nome de guerra é "Alkor", "a batalha foi dura".
“Ainda estamos atirando, continuamos e continuamos, mas depois de cinco minutos chega uma nova onda de 20 inimigos”, disse ele. Eles chegam em "grande número. Usam seus soldados como bucha de canhão".