Deputado bolsonarista protocola primeiro pedido de impeachment contra Lula; entenda
Após o presidente chamar Michel Temer de golpista, Sanderson (PL-RS) teceu críticas e pediu a abertura de um procedimento por crime de responsabilidade
Após o presidente Lula (PT) se referir ao ex-presidente Michel Temer (MDB) como golpista, o deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) protocolou o primeiro pedido de impeachment contra o petista. No documento enviado ao presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL), o parlamentar argumenta que o presidente cometeu crime de responsabilidade ao se referir ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, como golpe.
"Ao afirmar publicamente, em fala oficial, diante de autoridades estrangeiras, inclusive, como presidente do Brasil, que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe de Estado, o atual presidente ataca, de forma raivosa, abjeta e contrária à verdade, a democracia brasileira", escreveu Sanderson.
De acordo com o deputado, isso seria uma afirmação mentirosa, já que o procedimento de impeachment da ex-presidente ocorreu dentro dos limites da legislação brasileira. O descontentamento de Sanderson diz respeito a dois momentos da viagem internacional realizada pelo ex-presidente. Nesta segunda-feira, na Argentina, ele afirmou que em 2016 houve um golpe de estado.
"Vocês sabem que depois de um momento auspicioso no Brasil, quando governamos de 2003 a 2016, houve um golpe de Estado", disse Lula.
Nesta quarta-feira, no Uruguai, o presidente voltou a se referir ao impeachment de Dilma ao chamar Michel Temer, ex-presidente que assumiu o país, de golpista.
"Hoje o Brasil tem 33 milhões pessoas passando fome. Significa que quase tudo que fizemos de benefício social no meu país, em 13 anos de governo, foi destruído em seis anos, ou em sete anos, nos três do golpista Michel Temer, e quatro, do governo Bolsonaro", afirmou o chefe do Executivo.
Temer rebate e é aplaudido por 'tropa de choque'
Após ser chamado de golpista, o ex-presidente Michel Temer enviou uma nota à imprensa em que disse que Lula "parece insistir em manter os pés no palanque e os olhos no retrovisor" e tenta "reescrever a história por meio de narrativas ideológicas".
"Ao contrário do que ele disse hoje em evento internacional, o país não foi vítima de golpe algum. Foi na verdade aplicada a pena prevista para quem infringe a Constituição", escreveu Temer em referência à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que sofreu um impeachment aprovado pelo Congresso Nacional em 2016. Na ocasião, Dilma foi condenada à perda do cargo sob a acusação de ter cometido crimes de responsabilidade fiscal – as chamadas "pedaladas fiscais" no Plano Safra e os decretos que geraram gastos sem autorização do Congresso.
A reação de Temer agradou parlamentares como Bia Kicis (PL-DF), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Osmar Terra (MDB-RS). No Instagram, a deputada federal afirmou: "Enquanto ele mente, a mídia fica silente. Que descaso com o povo brasileiro", disse.