Operação Lesa Pátria

Idosa condenada por tráfico e coordenador político: veja os alvos da operação da PF em Brasília

Também são cumpridos outros 27 mandados de busca e apreensão

Forças de segurança prenderam 1,3 mil pessoas no DF por envolvimento em atos golpistas no último dia 8 de janeiro - Ton Molina/AFP

A Polícia Federal já prendeu cinco dos 11 alvos de mandados de prisão preventiva da terceira fase da operação Lesa Pátria, deflagrada nesta sexta-feira (27) para identificar manifestantes que participaram ou financiaram os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília.

Entre os detidos estão nomes como o de Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza, a "Fátima de Tubarão", de 67 anos, que ficou conhecida após aparacer em um vídeo xingando o ministro Alexandre de Moraes dentro da sala do magistrado, e Marcelo Eberle Motta, o "Marcelo Mito", fundador do movimento “Direita vive!” de Juiz de Fora.

Também são cumpridos outros 27 mandados de busca e apreensão. As ações acontecem em cinco estados (Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo) e no Distrito Federal. No início do mês, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram os prédios do Congresso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto.

Entre os cinco presos, quatro já foram identificados pela reportagem. Em Minas Gerais, dois detidos até o momento: a prisão de Marcelo Eberle Motta ocorreu em Juiz de Fora, onde é coordenador do movimento “Direita vive!” e é conhecido por insultar jornalistas.

Em vídeo divulgado em suas redes sociais, ele aparece se escondendo atrás de um tronco de árvore enquanto manifestantes entram em confronto com agentes de segurança nos ataques de 8 de janeiro.

Também foi preso no estado Eduardo Antunes Barcelos. Morador de Cataguases, ele é advogado e atua como assessor jurídico da Santa Casa de Misericórdia de Cataguases.

Ao saber que o funcionário do hospital participou das invasões, moradores de Cataguases, na Zona da Mata Mineira, fizeram um abaixo-assinado pedindo a demissão de Eduardo Antunes Barbosa.

O quarto preso já identificado é Claudio Mazzia. Morador de Londrina, no Norte do Paraná, ele é suspeito de organizar uma excursão de 20 ônibus para a capital do país. Ele teria divulgado a ação nas redes sociais, que viralizou após a invasão da sede dos Três Poderes.

Em entrevista à RPC, o irmão de Mazzia disse que os prints tratam-se de uma montagem.

Em um vídeo gravado no dia das invasões, Dudu, como é conhecido o advogado, mostra os bolsonaristas radicais subindo a rampa do Congresso Nacional.

— Invadimos. Olha o povo subindo a rampa, gás lacrimogêneo, bomba, e o povo reintegrando posse. Abaixo o comunismo. É isso aí gente, invasão. Invadimos. Loucura, loucura, loucura, olha aí. Povo guerreiro — disse no vídeo.

Há ainda um terceiro alvo no estado, Fernando Junqueira de de Leopoldina, alvo de mandado de busca e apreensão.

"Fátima de Tubarão"

Em Santa Cataria, a Polícia Federal prendeu Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza, de 67 anos, conhecida como "Fátima de Tubarão". Em vídeo que viralizou nas redes sociais, a idosa de Tubarão (SC) ameaçou o ministro do STF Alexandre de Moraes.

— Vamos para a guerra, é guerra agora. Vamos pegar o Xandão agora — afirmou depois de dizer que tinha usado o banheiro do magistrado, dentro do prédio do STF.

Bem antes de participar da depredação do patrimônio público na capital do país, a catarinense foi condenada por tráfico de drogas. Em 2014, ela se tornou alvo de um processo que corre em sigilo no Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Além de tráfico, ela também responde pelos crimes de estelionato e falsificação de documento público.

Há ainda mais duas pessoas presas que não tiveram a identificação divulgada. A PF investiga os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

As apurações sobre os atos golpistas foram divididas pelos órgãos de investigação em quatro frentes: identificar as pessoas que invadiram e depredaram as sedes do Congresso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto; descobrir quem financiou os manifestantes; apurar a omissão de agentes públicos que deveriam zelar pela segurança pública; além de encontrar eventuais conexões políticas entre líderes das manifestações com autoridades.

Sobrinho de Bolsonaro é alvo

Léo Índio, sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro, é um dos alvos da terceira fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (27). A corporação cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do primo de Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro.

Em meio aos atos terroristas que culminaram na depredação da sede dos Três Poderes, Léo índio publicou registros na rampa do Congresso Nacional.