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França construirá memorial a ciganos perseguidos durante a Segunda Guerra Mundial

A medida é parte de um novo plano de luta contra o racismo, o antissemitismo, a perseguição e discriminação aos ciganos

Jean-Christophe Le Toquin, durante a apresentação do Plano Nacional contra o racismo, o antissemitismo e a discriminação étnica para o período 2023-2026 - Emmanuel Dunand / AFP

A França construirá no antigo campo de concentração de Montreuil-Bellay (oeste) um museu memorial em homenagem aos ciganos perseguidos durante a Segunda Guerra Mundial, anunciou nesta segunda-feira (30) a primeira-ministra Élisabeth Borne.

A medida é parte de um novo plano de luta contra o racismo, o antissemitismo, a perseguição aos ciganos e outras discriminações relacionadas à origem.

Ainda que, segundo os historiadores, entre 220 mil e 500 mil ciganos tenham sido assassinados durante o nazismo, a internação na França começou antes de sua ocupação pela Alemanha e foi fruto de uma histórica discriminação contra esta comunidade.

Entre setembro de 1939 e abril de 1940, o governo francês proibiu a circulação dos "nômades", o que facilitou que entre 6 mil e 6.500 pessoas acabassem em campos de internamento franceses de outubro de 1940 até 1946.

Durante uma visita em 2016 ao Montreuil-Bellay - o maior campo da França e onde uma centena de pessoas perderam a vida -, o então presidente François Hollande reconheceu seu "sofrimento" e a "responsabilidade" do Estado.

"Nos tratavam como animais", disse à AFP Henriette Théodore, uma cigana idosa que ficou neste campo de 1941 a 1945, em setembro de 2020, quando tentou em vão que o Estado lhes devolvessem os bens confiscados na época.

Devido ao novo plano, os estudantes franceses deverão visitar ao menos uma vez um lugar histórico ou memorial relacionado a estas discriminações.

As medidas também preveem uma maior "firmeza" na resposta ao discurso de ódio por motivos racistas e antissemitas, além de ferramentas para evitar discriminações no acesso ao emprego ou moradia.