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O que se sabe sobre a fuga de criminosos de alta periculosidade de presídio no Rio de Janeiro

Chefe do tráfico do Morro do Dezoito, na Zona Norte, e outros dois criminosos fugiram de unidade prisional ontem. Seap investiga

Criminosos usaram uma escada improvisada com lençol - escada feita com lençóis - para fugir do presídio - Divulgação

A fuga de três de presos de alta periculosidade do Complexo de Gericinó, em Bangu, com ajuda de uma escada improvisada e com câmeras da unidade prisional desligadas, é investigada pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Jean Carlos do Nascimento dos Santos, o Jean do Dezoito, Marcelo de Almeida Farias Sterque, conhecido como Marcelinho da Merindiba, e Lucas Apostólico da Conceição, o Índio, escaparam da Penitenciária Lemos Brito, conhecida como Bangu VI, na madrugada de domingo (30). Os criminosos teriam seguido por um lixão, localizado na parte de trás da cadeia.

Após o ocorrido, Alcimar Pereira dos Santos e Anderson Ribeiro Dias foram transferidos para o presídio de segurança máxima Bangu 1, como castigo. Ambos são da mesma facção de Jean e considerados chefes na cadeia. Outros 13 detentos também foram transferidos, segundo a Seap.

Quem são os criminosos que fugiram?
Entre os criminosos que deixaram o sistema penitenciário está Jean Carlos do Nascimento dos Santos, o Jean do Dezoito, chefe do tráfico do Morro do Dezoito, na Água Santa, Zona Norte do Rio. Ele teria fugido para fortalecer seu bando, já que a favela que comanda sofreu uma investida de um grupo rival nos últimos dias, nas disputas territoriais que acontecem há duas semanas no Rio. Jean foi apontado pela polícia como o bandido que invadiu o fórum de Bangu, em 2013, para resgatar um preso.

Três anos após a invasão ao fórum de Bangu, a Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) concluiu a investigação de outro crime audacioso coordenado por Jean Carlos. Ele foi indiciado pelo homicídio de seu advogado, Roberto Viegas Rodrigues, após ele não conseguir livrá-lo das penas por outros delitos, e por ocultação de cadáver. O advogado estava desaparecido desde o dia 22 de dezembro de 2015.

De acordo com sua ficha criminal, ele é considerado de “altíssima” periculosidade. O criminoso tem um histórico de mais de 15 tipos de crimes, segundo o site “Procurados” do Disque-Denúncia. Natural do Morro do Urubu, em Pilares, Zona Norte do Rio, o criminoso praticava assaltos na região e chegou a chefiar também o tráfico de drogas na comunidade do Novo México, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. No Sistema de Cadastramento de Mandados de Prisão da Polinter constam 28 mandados contra o criminoso.

Os outros dois presos que fugiram são Marcelo de Almeida Farias Sterque, conhecido como Marcelinho da Merindiba, e Lucas Apostólico da Conceição, o Índio, também de alta periculosidade. Alcimar Pereira dos Santos e Anderson Ribeiro Dias, foram transferidos para o presídio de segurança máxima Bangu 1, como castigo. Ambos são da mesma facção de Jean e considerados chefes na cadeia.

Como foi a fuga?
Para escaparem, os três teriam serrado as grades da cela B1, onde ficavam, além de usarem uma escada improvisada — feita com cordas e pedaços de madeira —, encontrada presa na guarita onde fica um dos policiais penais responsáveis pela vigilância da unidade.

Quantos inspetores tinham no plantão e onde estavam?
Sete inspetores da Polícia Penal estavam de plantão no Presídio Lemos Brito no momento da fuga. A secretária de Administração Penitenciária, Maria Rosa Lo Duca, afirmou que os policiais foram ouvidos pela Corregedoria da pasta e encaminhados à Polícia Judiciária para que prestassem esclarecimentos. Ainda de acordo com ela, “os postos deveriam estar cobertos”.

Nós vamos apurar cada conduta desses policiais penais, para que cada um responda onde estava ou não estava e por que não estava, disse a secretária.

Por que as câmeras estavam desligadas?
Os policiais que estavam no plantão alegam que as câmeras da unidade prisional pararam de funcionar devido à forte chuva que atingiu a região durante a noite. Em depoimento, disseram que houve uma queda de energia, que foi posteriormente reestabelecida. No entanto, os equipamentos não registraram a fuga. De acordo com a secretária, a “questão das câmeras” é algo “sensível”, e o aparelho ainda passa por uma perícia.

O que falta esclarecer?
Ainda não se sabe se houve facilitação por parte dos policiais penais da unidade, já que nem os cachorros foram soltos durante a noite, como de costume. Além disso, ainda não foi esclarecido se realmente houve falha nas câmeras do presídio, nem por quanto tempo os aparelhos ficaram desativados. A Secretaria de Administração Penitenciária também não informou onde estavam os sete policiais que trabalhavam no plantão no momento da fuga.

O GLOBO questionou a Polícia Militar sobre o policiamento feito pela corporação nas unidades prisionais. A PM, no entanto, ainda não se pronunciou. A Seap também não respondeu às perguntas sobre o desligamento das câmeras, assim como sobre o posicionamento dos policiais penais no momento da fuga.

Veja a nota da Seap na íntegra:

Informamos que, na manhã deste domingo, três custodiados da Penitenciária Lemos Brito, localizada no Complexo de Gericinó, em Bangu, evadiram da unidade prisional. Desde que tomou conhecimento do ocorrido, a Seap está mobilizando as suas forças para apurar as circunstâncias do episódio. A secretária Maria Rosa Lo Duca Nebel, que está na unidade para acompanhar as perícias, já colocou a Divisão de Recaptura (Recap) da Polícia Penal na rua em busca dos foragidos.