Brasil

Futuro da política de preços da Petrobras é "assunto do governo", diz Jean Paul Prates

Segundo novo presidente, nomes de diretores e conselheiros devem ser definidos até o fim desta semana

Jean Paul Prates, novo presidente da Petrobras - Michel Jesus / Câmara dos Deputados

O novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse, nesta segunda-feira (30), que o futuro da política de preços da estatal, é “assunto de governo”. O ex-senador assumiu a empresa na semana passada, em meio a expectativas de que a política de preços possa ser alterada, já que é criticada pelo presidente Lula.

Prates disse ainda que os nomes dos conselheiros e diretores que vão ocupar posições na gestão da Petrobras devem ser definidos até o fim desta semana.

Segundo Prates, todos os nomes já estão praticamente definidos. Após o envio da lista para apreciação do Conselho de Administração da Petrobras, o processo burocrático para que os indicados tomem posse pode durar de uma a duas semanas, a depender dos requerimentos que serão exigidos internamente, acrescentou o novo presidente.

O Ministério de Minas e Energia ainda enviará os nomes dos conselheiros, de acordo com Prates.

- Já estão praticamente definidos. Tem uma ou outra dúvida ainda, mas de hoje para manhã, devo definir e, esta semana, a gente resolve isso. Os conselheiros estão em processo de escolha com o governo federal em geral e, também devem, eventualmente, serem anunciados junto com os diretores.

As falas ocorreram durante a participação de Prates no workshop mundial do Programa de Aceleração do Empreendedorismo Regional (REAP), do Massachussets Institute of Technology (MIT), no Rio de Janeiro.

Nova diretoria
Jean Paul Prates confirmou a criação da diretoria de transição energética na estatal, mas ressaltou que o assunto não deve ser tratado de forma imediata.

- Neste momento, vamos ter que ocupar os espaços que já existem. A diretoria de transição energética e outras modificações de organograma também têm que ter um processo interno e ser aprovado pela diretoria e pelo conselho. Tem um processo burocrático interno que a gente tem que seguir. Não vai acontecer neste momento.

Prates não confirmou, mas também não negou, a indicação de Mauricio Tolmasquim para o comando dessa diretoria, como vem sendo especulado.

O novo presidente tem como uma das suas principais bandeiras à frente da empresa que ela amplie seus investimentos em energia renovável, e não apenas em petróleo e gás.

Como senador (RN-PT), Prates também presidiu a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobras - que reúne mais de 200 deputados e 40 senadores - e teve papel de destaque, como relator, em projeto de lei que busca a criação de mecanismos para minimizar os reajustes de preços dos combustíveis.

Defesa da inovação
Durante fala no evento, Prates voltou a defender o investimento em tecnologia e inovação, ressaltando que muitas vezes é difícil justifica-los para os acionistas.

- Nós às vezes temos dificuldade de justificar perante os nossos orçamentos e acionistas coisas que parecem de Professor Pardal. Esse negócio de inovação junta com meia dúzia aí, faz um negócio para inglês ver ou para o americano ver e está tudo bem. Não é isso – disse.

Entre as preocupações de investidores em relação ao novo comando da estatal é que ela passe a realizar maiores investimentos em áreas fora do core business da empresa, como é o caso das energias renováveis.

Além disso, uma possível diminuição da distribuição de proventos e o investimento em infraestrutura preocupam parte do mercado financeiro. Sem falar nas mudanças mais imediatas, como na política de preços e na possível indicação de pessoas sem um perfil técnico para comandar postos de comando.

Durante sua fala, ele citou como casos de sucesso o Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), centro de pesquisa aplicada da estatal.

Prates destacou que atualmente há no espaço mais de 100 laboratórios e 4.700 equipamentos instalados, além de 900 parcerias com universidades, startups e fornecedores.

Ele ainda citou o programa “Petrobras: conexões e inovações”, que possui mais de 60 novas parcerias, superando o valor de R$ 140 milhões de investimentos.

- Para uma Petrobras isso é microscópico. Ainda é microscópio. É óbvio que nós precisamos mesclar essa atividade de ciência, tecnologia e desenvolvimento dentro do escopo, da atividade fim das nossas empresas. Uma nova forma de combustível, lubrificante ou uma nova forma de transmissão de energia transforma completamente a sociedade.

Ele continuou:

- Nós não vamos ter a mesma lógica e logística e a mesma relação de consumo em 10 anos que nós temos hoje no setor de petróleo e energia [...] Pesquisa, ciência, tecnologia e inovação têm que estar entranhado na atividade fim das nossas empresas. Não vai ser de outra forma que vamos chegar ao consumidor, que vamos armazenar energia, buscar energias renováveis